Durou 15 minutos a sessão que pretendia repassar a administração do Zoológico de Sapucaia do Sul das mãos do governo do Estado para a iniciativa privada. A Comissão de Licitação da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão encerrou a reunião na manhã desta segunda-feira (7) sem que tivesse registrado proposta de empresas interessadas.
Agora, o governo irá rever o contrato para poder relançar a concorrência. Ainda não há previsão de quando a licitação será reaberta. Algumas alterações possíveis: o zoológico poderá ter uma exposição mais regional de animais. Também será avaliada a possibilidade de modificar o sistema de ingressos.
O edital, que previa até a participação de empresas de fora do Brasil, foi lançado em abril. Em maio, às vésperas do conhecimento das propostas, o secretário estadual de Governança e Gestão Estratégica, Claudio Gastal, anunciou que o Piratini estudava relançar o edital. O "recuo", segundo ele, seria necessário para se buscar uma melhor modelagem que pudesse atrair investidores.
Porém, em julho, o entendimento mudou. O governo comunicou que só mudaria o edital se, de fato, não despertasse interesse da iniciativa privada. Dessa forma, em agosto, o edital foi reaberto.
O estudo traçado para a concessão do zoológico foi elaborado pela consultoria KPMG/Manesco/Planos em contrato firmado no governo Sartori. Conforme o levantamento, o investimento privado deveria ser de R$ 59 milhões, por um período de concessão de 30 anos, sendo que 70% das obras precisariam estar prontas em até três anos.
O ingresso foi fixado a R$ 15 sem a opção de pagar a entrada por veículo – hoje, sai por R$ 50, com estacionamento. O bilhete atual custa R$ 10, mas está desatualizado, uma vez que a Lei Estadual 15.017, aprovada no passado, determina que a entrada em parques estaduais deve ser R$ 15.
Além de zelar pelo bem-estar dos animais, o vencedor da licitação deveria ser obrigado a oferecer novas atrações que envolvam lazer ou educação ambiental, como trenzinho, fazendinha, safari, aquário e arvorismo. Haveria ainda a liberdade para começar outras atividades, como apresentação de pinguins e shows de aves e de répteis, o que ocorre em outros zoológicos do país – nestes casos, podendo ser cobradas à parte.
Conforme dados obtidos por GaúchaZH via Lei de Acesso à Informação (LAI) junto à Fundação Zoobotânica, ligada à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e atual administradora do parque, na média dos últimos três anos, o zoo teve receitas de R$ 2,7 milhões e despesas de R$ 11,4 milhões – diferença de 422%, que gerou déficit de R$ 8,7 milhões. Dessa forma, o investidor que vencesse a licitação para explorar o parque teria de quadruplicar a arrecadação apenas para empatar com os custos e não sofrer prejuízos anuais.