Há dois meses comecei uma contagem estimando o fim da construção da trincheira do Ceará. De forma disparada, essa é hoje a obra mais aguardada por quem mora, trabalha ou visita Porto Alegre.
Pela previsão atual, a passagem de nível estará pronta no fim de outubro, ou seja, daqui a 100 dias. As empresas Conpasul, Sogel e Toniolo Busnello estão comprometidas com o prazo. Nem mesmo a eventual chuva que virá neste período deverá mudar os planos.
Porém, a chance de um novo adiamento não está descartada. E está nas mãos da prefeitura evitar que isso aconteça.
Há aproximadamente um mês, as construtoras aguardavam receber R$ 790 mil. A promessa da prefeitura é que este pagamento ocorresse até o fim da primeira quinzena de julho. Porém, os valores seguem pendentes.
De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão, parte deste montante, R$ 325 mil, será pago no fim do mês. Outros R$ 425 mil deverão ser pagos até 15 de agosto e dependem de análise da prefeitura. Faltarão ainda aproximadamente R$ 3,4 milhões que deverão ser pagos conforme as empresas forem concluindo os trabalhos.
Calendário da obra
Apesar do atraso no pagamento, as obras seguem no prazo. Pelo menos, por enquanto. O principal serviço que está sendo executado no momento pelas empresas é a pavimentação do asfalto dos acessos e da trincheira. Essa etapa deve ser finalizada em agosto.
A partir do mês que vem, as empresas vão se concentrar no término da instalação da casa de bombas, que hoje está 71% pronta. Entre agosto e outubro, será finalizada a construção do prédio, com a colocação das aberturas. As três bombas definitivas serão instaladas neste período.
Em agosto também recomeçarão os acabamentos da obra e outros serviços menores. Eles irão durar 90 dias.
Já entre setembro e outubro, será realizada a instalação da iluminação pública e da rede aérea de energia. Segundo a Conpasul, este serviço será executado nos últimos dois meses antes do término da obra, pois as ocorrências de furto na região são grandes.
A partir de setembro recomeça também a instalação vertical (colocação de placas) e horizontal (demarcação da pista).
A construção está 96% pronta. Projetada ao custo de R$ 29,5 milhões, ela está custando atualmente R$ 39,37 milhões aos cofres públicos.
Os desvios no trânsito da região já duram 2336 dias. Neste período, por quase dois anos a obra esteve parada por falta de dinheiro e erro de projeto.
Histórico de problemas
A ordem de início foi dada em dezembro de 2012. Os desvios no trânsito iniciaram-se em fevereiro de 2013. Os trabalhos começaram logo em seguida e tinha prazo contratual de execução de três anos. Mesmo assim, a prefeitura quis inverter a lógica de que obra sempre atrasa e anunciou que os trabalhos seriam executados um ano e meio antes do prazo e ficaria pronta para a Copa de 2014.
Com problemas de projeto, que não previu que a área era alagadiça, a obra precisou passar por ajustes. Os estudos foram doados por empresários. A prefeitura aceitou, pois corria contra o tempo para conseguir verba com o governo federal para garantir mais recursos do que outras capitais que sediaram o mundial.
Em outubro de 2014, a prefeitura chegou a anunciar que lançaria uma nova licitação, após as empresas responsáveis terem manifestado a desistência da obra. Um mês depois, as construtoras anunciaram que mudaram de ideia, decidiram aceitar o reajuste proposto pela prefeitura e retomaram os trabalhos.
Em março de 2018, quando participou do ato de retomada das obras, o prefeito Nelson Marchezan prometeu entregar a obra em setembro do ano passado. Um mês antes do término previsto, em agosto, Marchezan reconheceu que errou. Depois disso, o término foi postergado para dezembro e depois para fevereiro de 2019, e agora já está em outubro.