A estratégia está montada. Se depender das construtoras Conpasul, Sogel e Toniolo Busnello, a trincheira da Ceará , na zona norte de Porto Alegre, será inaugurada sem sobressaltos no fim do mês de outubro. Dessa forma, a passagem de nível deverá ser entregue em até 114 dias.
Dos serviços que faltam, a pavimentação do asfalto dos acessos e da trincheira está 82,41% concluída. A previsão das construtoras é que este serviço específico atingirá 91% em julho e será finalizado em agosto.
Mesmo com a conclusão desta etapa, o trânsito não será liberado na trincheira. A avaliação é que haveria risco para a integridade dos operários que precisarão trabalhar no local até outubro.
A partir do mês que vem, as empresas vão se concentrar no término da instalação da casa de bombas, que hoje está 71% pronta. Entre agosto e outubro, será finalizada a construção do prédio, com a colocação das aberturas. As três bombas definitivas serão instaladas neste período.
Em agosto também recomeçarão os acabamentos da obra e outros serviços menores. Eles irão durar 90 dias.
Já entre setembro e outubro, será realizada a instalação da iluminação pública e da rede aérea de energia. Segundo a Conpasul, este serviço será executado nos últimos dois meses antes do término da obra, pois as ocorrências de furto na região são grandes.
A iluminação até já poderia estar pronta, mas a empresa deixou para realizar o que falta no final. A partir da circulação dos veículos no local, a expectativa é que seja mais difícil furtar os cabos e luminárias.
A partir de setembro recomeça também a instalação vertical (colocação de placas) e horizontal (demarcação da pista).
Para que este calendário seja mantido, porém, as empresas contam com os pagamentos em dia. Até o fim da primeira quinzena de julho, a prefeitura deve pagar R$ 790 mil, sendo R$ 600 mil de dívidas passadas e mais outros R$ 190 mil executados conforme a última medição de execução. Faltarão ainda aproximadamente R$ 3,4 milhões que deverão ser pagos conforme as empresas forem concluindo os trabalhos.
A obra está 96% concluída. Projetada ao custo de R$ 29,5 milhões, ela está custando atualmente R$ 39,37 milhões aos cofres públicos.
Já são 2322 dias de desvios de trânsito na região. Deste período, por quase dois anos a obra esteve parada por falta de dinheiro e erro de projeto.
Histórico de problemas
A ordem de início da obra foi dada em dezembro de 2012. Os desvios no trânsito iniciaram-se em fevereiro de 2013. Os trabalhos começaram logo em seguida e tinha prazo contratual de execução de três anos. Mesmo assim, a prefeitura quis inverter a lógica de que obra sempre atrasa e anunciou que os trabalhos seriam executados um ano e meio antes do prazo, para a Copa do Mundo de 2014.
Com problemas de projeto, que não previu que a área era alagadiça, a obra precisou passar por ajustes. Os estudos foram doados por empresários. A prefeitura aceitou, pois corria contra o tempo para conseguir verba com o governo federal para garantir mais recursos do que outras capitais que sediaram o mundial.
Em outubro de 2014, a prefeitura chegou a anunciar que lançaria uma nova licitação, após os responsáveis pelo contrato terem manifestado a desistência da obra. Um mês depois, as empresas anunciaram que mudaram de ideia, decidiram aceitar o reajuste proposto pela prefeitura e retomaram os trabalhos.
Em março de 2018, quando participou do ato de retomada das obras, o prefeito Nelson Marchezan prometeu entregar a obra em setembro do ano passado. Um mês antes do término previsto, em agosto, Marchezan reconheceu que errou.
– Nós fracassamos. É exatamente isso. No planejamento, na execução, em vencer desafios jurídicos, em vencer a burocracia. Preciso reconhecer e não tenho nenhum problema com isso – afirmou na época ao Gaúcha Atualidade.
Depois disso, o término foi postergado para dezembro e depois para fevereiro de 2019, e agora já está em outubro.