Há um ano e sete meses, quem usa ou passa na frente da estação do trensurb no aeroporto, em Porto Alegre, depara com um dos dois veículos do aeromóvel parado, coberto em parte por uma lona laranja. Ele está há um ano e meio fora de operação.
O A-200 é o maior dos dois carros inaugurados em 2014 para levar passageiros do Terminal 1 do aeroporto à estação do trensurb. Mas, por conta de falhas nas portas e na comunicação do veículo com as estações, está parado desde julho de 2017. A Trensurb, responsável pelo sistema de transporte, informa que o veículo encontra-se em manutenção profunda.
"É a primeira vez que a Trensurb está realizando este tipo de manutenção num veículo da linha do aeromóvel, portanto está sendo necessário o desenvolvimento de todos os processos de manutenção além da aquisição de peças e insumos", informa a empresa pública por meio de nota.
A estimativa da Trensurb é de que essa atividade seja concluída até o final de 2019. Por causa da limitação orçamentária, a compra dos componentes do truque central foi demorada. O veículo A-200 custou R$ 1,92 milhão e tem capacidade para até 300 passageiros.
O A-100, veículo menor, que hoje está em uso e que transporta até 150 passageiros, passará pelo mesmo procedimento. Esse veículo custou R$ 1,06 milhão à Trensurb. A T'Trans Sistemas de Transportes S.A foi a empresa que fabricou os dois carros.
Em 2018, 1 milhão de passageiros usaram a linha metrô-aeroporto. A média foi de 3.084 usuários por dia útil. Quando foi autorizada a obra do aeromóvel, em 2010, a intenção era mais ousada: transportar até 7,7 mil pessoas por dia.
Para andar no aeromóvel, o usuário compra um bilhete de R$ 3,30 e ainda pode usar o mesmo tíquete para circular de trem de Porto Alegre a Novo Hamburgo. O investimento total com o sistema do aeromóvel foi de R$ 38 milhões, quase R$ 10 milhões a mais do que o previsto. O contrato com as empresas vencedoras da licitação foi assinado em setembro de 2010. Na ocasião, a Trensurb tinha expectativa de que os veículos entrassem em operação no segundo semestre do ano seguinte. Porém, a obra só começou em junho de 2011.
A Aeromovel do Brasil, por meio do seu diretor-executivo Marcus Coester, enviou nota para GaúchaZH. A empresa foi a responsável por fornecer a tecnologia que foi implantada:
"No contrato de fornecimento para o sistema do Aeroporto de Porto Alegre, excepcionalmente, a Aeromovel Brasil concordou com que os veículos fossem adquiridos diretamente pela Trensurb, na forma de um único produto fabricado sob licença tecnológica. Esta contratação se deu através de uma licitação pública onde a vencedora foi a TTrans, empresa especializada em reformas de trens localizada em Três Rios, estado do Rio de Janeiro. Embora conceitualmente promissor, na prática este arranjo se mostrou bastante ineficiente sob diversos aspectos, desde a operacionalidade geral, passando pela busca de excelência técnica e finalmente em questões de garantia da qualidade. Um veiculo Aeromovel é composto por mais de uma dezena de subsistemas, cada qual com exigências técnicas muito específicas e de integração funcional razoavelmente complexa. Lamentavelmente o modelo empregado no Aeroporto de Porto Alegre praticamente impossibilita hoje a rastreabilidade de diversos componentes para o aprimoramento da tecnologia, o que poderia e deveria estar integrado ao nosso sistema da qualidade e servindo de base para ações corretivas, preventivas e de melhoria contínua. A contratação de elementos vitais e complexos como os veículos A100 e A200 através de uma licitação pública isolada, como ocorreu, é hoje considerada inadequada pela empresa Aeromovel Brasil e foi descartada em novos projetos. A empresa se reservou o direito de não mais conceder o licenciamento parcial ou integral para seus veículos, voltando exclusivamente ao fornecimento de sistemas de transporte integrados, em parceria privada com seus subfornecedores estratégicos. Um exemplo do atual modelo produtivo são as novas carrocerias desenvolvidas ao longo de dois anos e produzidas em Caxias do Sul em parceria com a Marcopolo, montados sobres chassis fabricados pela Randon e integrados com sistemas de controle da Siemens. Todos os fornecedores seguem padrões e normas internacionais exigidos pela Aeromovel Brasil, sempre na busca da excelência tecnológica, garantia da qualidade e rastreabilidade dos componentes fornecidos."