Um dos dois veículos do aeromóvel do Salgado Filho, em Porto Alegre, irá completar, no próximo mês, um ano fora de operação. O A-200 é o maior dos dois carros inaugurados em 2014 para levar passageiros do Terminal 1 do aeroporto à estação da Trensurb. Mas, por conta de falhas nas portas e na comunicação do veículo com a estação, está parado desde julho de 2017.
A Trensurb, responsável pela manutenção do sistema de transporte, ainda não tem previsão dos custos necessários para colocar o aeromóvel — custou R$ 1,92 milhão e tem capacidade para até 300 passageiros — novamente em funcionamento. Com a experiência de três anos de uso, a empresa quer fazer melhorias no carro.
— O projeto original do veículo possui características que achamos que poderiam ser melhoradas para reduzir a necessidade de manutenção preventiva. Desta forma, algumas partes do veículo estão sendo reprojetadas visando melhor eficiência (reduzir consumo energético) e menos manutenção — diz o coordenador do Centro de Desenvolvimento Operacional Aplicado à Tecnologia Aeromóvel, Davi Martins Lamas Vital.
O A-100, veículo menor, que hoje está em uso e que transporta até 150 passageiros passará pelo mesmo procedimento. Esse veículo custou R$ 1,06 milhão à Trensurb.
— Muitas das atividades de manutenção que estão sendo feitas no A-200 nunca haviam sido feitas antes por ninguém, visto que é o primeiro sistema do tipo no Brasil. Então leva-se mais tempo que o normal para analisar e entender os problemas que aconteceram e desenvolver os procedimentos — avalia Vital.
Segundo ele, como os veículos "são únicos no mundo", é mais difícil desenvolver esses processos para a manutenção do que se fosse um sistema já consagrado, com um manual já pronto. Em alguns casos, explica, é preciso de tempo e discussão com fornecedores para que se chegue a soluções técnicas viáveis. Além das restrições orçamentárias impostas pelo déficit público, a Trensurb disse ter enfrentado ainda mais dificuldades com o pedido de recuperação judicial da T'Trans Sistemas de Transportes S.A — empresa que fabricou os veículos.
Ambos os veículos têm menos de cinco anos de uso (o A-100 passou a transportar passageiros em novembro de 2013). Mesmo assim, o coordenador do sistema Aeromóvel da Trensurb informa que não há como cobrar estas melhorias da empresa que os construiu, porque as melhorias não foram previstas em contrato.
— Algumas das melhorias são novas demandas da Trensurb, para termos mais confiabilidade e menor custo operacional.
Nestes quatro anos de operação, o Aeromóvel transporta por dia uma média de três mil passageiros. Quando foi autorizada a obra, a intenção era mais ousada: transportar até 7,7 mil pessoas por dia. Segundo a Trensurb, essa redução no número de pessoas transportadas foi observada a partir de 2016 e é atribuída pela empresa pública pela crise que atingiu o país. No aeroporto Salgado Filho, por exemplo, o número de passageiros em 2012 foi de 8,2 milhões, e caiu para 7,6 milhões em 2016.
A passagem do aeromóvel é gratuita, desde que o usuário pague pela passagem de trensurb (R$ 3,30). O investimento total com o sistema do aeromóvel para ligar a estação do Trensurb com o aeroporto foi de R$ 38 milhões, quase R$ 10 milhões a mais do que o previsto. O contrato com as empresas vencedoras da licitação foi assinado em setembro de 2010. Na ocasião, a Trensurb tinha expectativa de que os veículos entrassem em operação no segundo semestre do ano seguinte. Porém, a obra só começou em junho de 2011.