"Sou um usuário não apologista de drogas. Usar drogas faz parte da minha busca pela felicidade, e elas funcionam. Sou uma pessoa mais feliz e melhor por causa delas." São com essas palavras que Carl Hart, professor norte-americano de psicologia especializado em neurociência, da Universidade Columbia, abre seu livro Drogas para Adultos, publicado recentemente no Brasil pela editora Zahar.
Carl Hart foi um dos palestrantes do Fronteiras do Pensamento, no último dia 22. Hart é um dos mais importantes e respeitados especialistas sobre os efeitos das drogas no corpo. Com um extenso currículo de pesquisa nessa área e com dados estatísticos consistentes, o pesquisador inverte a lógica do uso negativo das drogas e defende a naturalização delas para uma vida melhor.
No entanto, nem sempre Carl Hart pensou dessa forma. Durante a palestra, o professor disse que dedicou anos de sua pesquisa para provar os efeitos nocivos das drogas, até que, ao deparar com dados concretos, percebeu que a grande maioria das pessoas usuárias não se tornavam viciadas, pelo contrário, eram pessoas bem-sucedidas, caso dos ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, que confessaram terem utilizado maconha na juventude.
Hart é um crítico contundente das políticas de criminalização de substâncias consideradas ilícitas, políticas essas que contribuem para a discriminação racial, o processo de marginalização e a morte de pessoas negras. Além disso, ele também critica o excesso de holofotes que a grande mídia dá para os quadros de quem se vicia em drogas.
Em dado momento da palestra, Carl Hart diz que essa conversa sobre drogas é uma conversa para adultos, isto é, não é para ser levada com brincadeira. A seriedade de seus estudos justifica esse pedido ao público. Já ao final de sua fala, Hart compara o uso de drogas com quem vai dirigir um carro, pois todos sabemos que, dependendo do modo como se dirige, você pode dar um belo passeio ou transformar o veículo numa máquina destrutiva, mas que não há dúvidas sobre os benefícios de andar de carro.
