Para o presidente Lula e sua corte existem dois tipos de bombardeio, de agressão e de morte. É um crime contra a humanidade quando as bombas vêm de Israel e os mortos estão na Faixa de Gaza ou no Líbano. É um desentendimento que tem de ser resolvido com umas cervejas e conversa de botequim quando as bombas vêm da Rússia e matam na Ucrânia. Israel, segundo a cabeça de Lula, não tem o direito de defender-se contra os ataques dos terroristas em Gaza e no Líbano. A Ucrânia não tem o direito de pedir a devolução dos 20% de seu território que foi invadido pelo Exército da Rússia.
A “política externa” com que Lula envergonha o Brasil e os brasileiros é o resultado de uma soma francamente tóxica
Lula, na ausência de qualquer realização coerente de seu governo, perdeu-se numa ideia fixa: imagina-se fazendo “política externa” no papel, que ele deu a si mesmo, de líder do “Sul Global”. Esse “Sul Global” não existe, mesmo porque as suas maiores potências, Rússia e China, estão no Hemisfério Norte — e, de qualquer forma, morreriam de rir com a ideia de serem comandadas por Lula. Tudo o que ele conseguiu foi colocar o Brasil entre as nações-bandidas que negam a democracia, os direitos civis e o senso moral.
É essa a única posição em que se sente bem. Na sua última expedição em busca do “Sul Global”, meteu mais uma vez o pé na jaca. Disse, falando da Ucrânia, que, quando “dois não querem negociar”, não é possível chegar-se a paz. É a mesma alucinação de sempre. A Ucrânia está sofrendo a invasão militar russa, mas Lula quer que ela “negocie” — e não que a Rússia retire as suas tropas do território ocupado. Ou seja: o culpado pela guerra é o país que foi agredido.
Sobre a “Palestina”, só conseguiu repetir os disparates que tem dito desde o ataque terrorista que matou mais de 1,4 mil civis inocentes em Israel, um ano atrás. Para exibir de novo sua convicção de que vidas de israelenses valem menos do que vidas “palestinas”, disse que Israel contou de novo o total de vítimas e baixou o número de mortos no ataque terrorista a “139”. Ninguém entendeu nada.
A “política externa” com que Lula envergonha o Brasil e os brasileiros é o resultado de uma soma francamente tóxica. De um lado, há sua ignorância sem limites, e sobretudo pretenciosa — o que o condena a fazer declarações cada vez mais cretinas. De outro, há as instruções que recebe do Itamaraty — e o Itamaraty, hoje, é um dos produtores mais agressivos de ideias estúpidas no Brasil. Estão juntando Lula e o seu ministro particular Celso Amorim, que ainda vive na era do Sputnik, torce pela Rússia em jogo de futebol e continua convencido de que o combate ao “imperialismo americano” é o único dever que importa neste mundo. Esperar o quê?