Guerra na
Ucrânia

Photo by various sources/ AFP

Em 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, deflagrando, no coração da Europa, uma guerra com reflexos políticos, econômicos e sociais capazes de mudar a história do século 21. GZH reúne aqui a história do conflito, mapa com avanços e retrocessos no front, os personagens da crise, reportagens especiais direto do Leste Europeu e análises dos colunistas

Guerra no coração da Europa

O conflito explodiu no Leste Europeu em fevereiro, mas a tensão era crescente desde 2014, quando a Rússia invadiu e ocupou a península da Crimeia. Na região leste da Ucrânia, o Donbass, combatentes separatistas, com o apoio russo, lutavam contra tropas do governo pela independência das regiões de Donetsk e Luhanks. Tendo como argumento a defesa da população falante russa na região, o presidente Vladimir Putin reconheceu, em 21 de fevereiro de 2022 a autonomia dessas áreas. Três dias depois, invadiu a Ucrânia, uma ex-república soviética, independente desde 1991. O pano de fundo da crise é a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o Leste. Entenda a crise.

Situação atual

O conflito chegou a um impasse. A Rússia continua bombardeando a capital, Kiev, mas tem concentrado os esforços da região do Donbass, no leste do país, onde vive a população de falantes russos. Importantes cidades, como Mariupol e Severodonestk, foram ocupadas pelas tropas. Mas o front é móvel. O governo Putin tem dito que a ofensiva só terminará com a rendição da Ucrânia. No entanto, o governo Zelensky também não recua e conta com o apoio do Ocidente. Todas as negociações para um cessar-fogo fracassaram até agora. O conflito produziu mais de 7,7 milhões de refugiados, a maior onda desde a Segunda Guerra Mundial. O número de mortos é impreciso: Ninguém sabe, na verdade, quantos combatentes ou civis morreram, e a contagem de vítimas feita pelas autoridades ucranianas e russas - que podem às vezes estar exagerando ou fazendo uma estimativa deliberadamente baixa dos números por motivos de relações públicas - são praticamente impossíveis de confirmar. Putin é acusado de crimes de guerra, ao atacar populações civis. O conflito provocou mudanças geopolíticas importantes: Finlândia e Suécia, antes neutros, pediram para entrar na Otan, enquanto a União Europeia acelerou o processo de adesão da Ucrânia ao bloco.

A guerra em seis pontos de vista

Clique abaixo e veja a opinião dos colunistas de GZH

Rodrigo Lopes

Colunista de assuntos internacionais de GZH e ZH (Diários do mundo) e comentarista da Rádio Gaúcha. Foi enviado ao Leste Europeu para cobrir a guerra.

Marta Sfredo

Colunista de economia de GZH e ZH (Economia+) e comentarista da Rádio Gaúcha.

Giane Guerra

Colunista de economia de GZH e ZH (Acerto de Contas), apresentadora do programa Atualidade, na Rádio Gaúcha e comentarista da RBSTV.

Humberto Trezzi

Colunista de assuntos de segurança de GZH e ZH.

Ticiano Osório

Colunista de séries e cinema de GZH e ZH (Fora de série) e comentarista da Rádio Gaúcha.

Gisele Loeblein

Colunista de agronegócio de GZH e ZH (Campo e Lavoura) e comentarista da Rádio Gaúcha.

Os personagens do conflito

Conflito opõe o presidente da Rússia, que tem ambições estratégicas na região, e o líder da Ucrânia, que defende a aproximação com o Ocidente

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Quem é Vladimir Putin

CARLOS ROLLSING
carlos.rollsing@zerohora.com.br

Líder decisivo da ordem mundial, um dos mais longevos donos do poder, o presidente russo Vladimir Putin é um personagem a ser descoberto com mais profundidade no livro As Entrevistas de Putin, de Oliver Stone. A obra, que deu origem a um documentário para a TV, traz o apanhado de quatro longas entrevistas do cineasta com o político, realizadas em encontros de julho de 2015 a fevereiro de 2017. O tempo entre um diálogo e outro permitiu que eles abordassem novos e estridentes fatos que marcaram a história recente, trazendo ao leitor assuntos intensos, quentes na memória coletiva e ainda envoltos em intrigas intercontinentais, como a guerra na Ucrânia e a anexação da Crimeia pela Rússia.

O formato da publicação, ao estilo da entrevista pingue-pongue, a tradicional pergunta e resposta, dinamiza a leitura. Stone é um entusiasta de políticos de esquerda, e notabilizou-se por trabalhos acerca da trajetória de líderes controversos. No seu currículo, constam filmes sobre Fidel Castro, George W. Bush, Richard Nixon e John Kennedy. Stone é um admirador de Putin e da Rússia. Não esconde isso em nenhum momento das 329 páginas da obra, apesar de fazer as perguntas incômodas que deveriam ser feitas, sem resvalar para o lado do entrevistador bajulador. É Putin, político, que em muitos momentos segura o ímpeto do entrevistador em criticar os EUA, a quem o russo chama de "parceiros". Os debates ideológicos, entremeados pela velha dicotomia entre EUA e Rússia do pós-guerra, abrem difíceis questões sobre a personalidade de Putin. Dividir o mundo entre esquerda e direita já não atende mais à complexidade do estrato social. E isso é latente quando se trata de Putin. Ao longo da entrevista, ele caminha como um equilibrista. Por um lado, se descola de qualquer simpatia pelo antigo regime soviético, que relegou ao país um colapso financeiro e social nos anos 1990. Por outro, faz questão de acenar ao mundo que o povo russo anseia retomar os anos de potência mundial, de vitória sobre a Alemanha na II Guerra, de corrida espacial e de disputa da hegemonia mundial com os norte-americanos. O comunismo, ao passo em que é desdém, também é modelar. Tudo em meias palavras, em um jogo velado. O objetivo do russo ao conceder às entrevistas a Stone era tentar fazer chegar ao Ocidente outra imagem da sua liderança. Para ele, circula por aqui só a narrativa dos EUA, de um Putin perverso e de uma Rússia maquiavélica. As críticas mais pesadas do líder são à manutenção da existência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada após a II Guerra. Para Putin, hoje os EUA manipulam a Otan para avançar na Europa rumo ao leste do continente, colhendo novos aliados e desestabilizando os que permanecem ao lado dos russos. Foi isso o que teria acontecido no caso da Ucrânia. Putin, nesse caso, é mais ousado nas palavras. É objetivo ao declarar que interesses norte-americanos, maquiados em iniciativas de ONGs, atuaram para apoiar grupos de extrema-direita e ultranacionalistas que tomaram o poder na Ucrânia para derrubar o governo aliado russo. Os fatos ocorreram na era Obama.

Putin deixa transparecer que desde 1999, quando chegou ao poder, suas relações sempre foram melhores com o Partido Republicano. Faz mais elogios do que críticas a Bush. E se mostra entusiasta de Trump, a quem felicitou pelos "valores".

As bases militares, o apoio à Síria, as relações com a Turquia, o Irã e a China. A antipatia pela Arábia Saudita. A guerra cibernética e os tensos bastidores do asilo a Edward Snowden. São assuntos recorrentes e que, por vezes, ressurgem nas entrevistas.

Uma passagem interessante sobre o Ártico: o russo define a região como uma das principais disputas do futuro próximo entre as potências. Não em função de recursos naturais, mas pelo privilégio de dispor das melhores rotas de mísseis no oceano. As conversas se dão em lugares curiosos do Kremlin, como jardins, e são seguidas de caminhadas nas quais Putin aborda amenidades como a prática rotineira de esportes. O ex-agente da KGB vai à academia, é faixa preta de judô e joga hóquei.

Não faltam os temas mais espinhosos para o russo. Embora fale bastante sobre sua fama de ter liquidado com os oligarcas _ alcunha atribuída aos empresários que tomaram conta de estatais e riquezas da Rússia após o fim da União Soviética a troco de banana _, Putin teve de responder aos comentários de ter criado o seu próprio grupo de amigos oligarcas. Parte deles atuou em obras bilionárias em Sochi. As acusações de ter fortunas em contas secretas são mencionadas brevemente pelo entrevistador. E negadas por Putin.

E, claro, é discutido o poder exercido com mão de ferro por ele na Rússia. O parlamento é decorativo, opositores são cerceados, o Judiciário tem independência relativa e Putin persegue os direitos de gays. A figura prevalente na obra, contudo, é a de um líder que está se destacando na política internacional ao mediar conflitos, como no caso da Síria, e que alcança níveis consideráveis de recuperação da economia e da redução da pobreza no seu país. E a Rússia, com Putin, voltou a ser uma fúria militar, impondo sucessivas derrotas ao Estado Islâmico.

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Quem é Volodimir Zelensky

DMITRY ZAKS
AFP

Durante muito tempo, Volodimir Zelensky foi acompanhado pela imagem de ex-comediante de televisão eleito presidente da Ucrânia quase por acaso. Com a agora guerra, adotou uma postura firme e serena, sem entrar em pânico. Tem difundido em redes sociais vídeos quase diários em que pede aos concidadãos que resistam à agressão russa.

Zelensky, de 44 anos, está no meio da pior crise desde o fim da Guerra Fria. Primeiro ele viu a Rússia cercar o seu país com mais de 150 mil militares e o governo dos Estados Unidos insistir nos alertas de uma guerra "iminente", que poderia começar a qualquer dia. Diante do conflito, Zelensky rapidamente aplicou a lei marcial e apelou a seus aliados ocidentais, pedindo a unidade europeia depois de falar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron. Já falou, de forma virtual, nos principais parlamentos do mundo.

Em 2019, Zelensky organizou a campanha presidencial como uma piada. Ele se tornou famoso ao interpretar na televisão um professor grosseiro que vira presidente depois que um aluno grava e divulga seu discurso revoltado contra a corrupção na internet. A comédia exibida em horário vespertino virou um grande sucesso em um país abalado. A revolução pró-Ocidente de 2014 derrubou o presidente apoiado pelo Kremlin e provocou a chegada de novos governantes, que precisaram lidar com um crescente conflito na região leste e uma economia à beira do colapso.

Os ucranianos viram o presidente da comédia fazendo piadas grosseiras com a esposa ou pedalando para o trabalho com uma cara assustada de pânico. O personagem captou a empolgação do momento e proporcionou a Zelensky uma pequena fortuna. Depois ele derrotou o então presidente Petro Poroshenko, abalado por diversas crises, com mais 70% dos votos.

Alguns cidadãos se prepararam para o pior. Os críticos o compararam a outras celebridades que entraram para a política, como o italiano Silvio Berlusconi ou o americano Donald Trump. A decisão inicial de incluir membros de sua produtora de televisão em sua equipe também não ajudou a construir confiança. As primeiras aparições de Zelensky com outros líderes mundiais pareciam forçadas, pouco naturais.

Mas alguns diplomatas ocidentais parecem ter sucumbido ao seu charme. A disputa com a Rússia pelo desejo ucraniano de entrar para a Otan - uma aspiração escrita em sua Constituição, mas muito improvável nas próximas décadas - pode definir a presidência de Zelensky para os próximos anos.

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Os motivos para a disputa

Diferentes motivos explicam o conflito na Ucrânia, uma ex-república, que integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas até 1991. Com o colapso soviético, a Ucrânia declarou independência, mas sua soberania sempre esteve ameaçada pela influência da Rússia, que vê o território como parte do país. Nos anos 2000, a Ucrânia iniciou uma aproximação com o Ocidente, mas houve revéses. Em 2004, o presidente eleito Viktor Yanukovich (pró-Rússia) foi removido do poder pela Revolução Laranja, após protestos exigindo eleições transparentes no país. Em 2014, Yanukovich retornou ao poder. Ao rejetar acordos preliminares de integração à União Europeia, ele foi derrubado pela revolta na Praça Maidan, em Kiev. Semanas depois de sua saída, a Rússia anexou a Crimeia, uma base da frota russa no Mar Negro, e separatistas pró-Moscou tomaram instalações-chave no leste ucraniano, o que levou a um conflito que já deixou mais de 5 mil mortos.

Glossário da guerra

Alguns termos e significados utilizados na Guerra

A

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  1. Azov

    Stringer/ AFP

    É o nome do batalhão de operações especiais integrado atualmente à Guarda Nacional ucraniana. Teve origem a partir de voluntários paramilitares com viés de extrema direita e acusado de ser neonazista. O grupo ostenta símbolos nazistas, como o Wolfsangel, usado pela 2ª Divisão Panzer das SS, e o Sol Negro. Para alguns ucranianos, o regimento vem sendo elogiado por seu compromisso em combater incursões russas ao longo dos últimos anos. Foi fundado em 2014. O nome é uma referência ao Mar de Azov, região do Mar Negro que banha o sul da Ucrânia.

B

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  1. Bombas de fragmentação

    Também chamadas de "clusters", se dividem em submunições no momento da explosão. Com isso, deixam inúmeras vítimas, já que as partes menores se espalham para todos os lados em grande velocidade, em vez de atingir um alvo específico. Além disso, algumas dessas submunições não explodem no momento do ataque e podem ficar "adormecidas" durante longos anos após o fim da guerra, transformando o território em um campo minado. Seu uso é condenado pela comunidade internacional e também foi denunciado pelo uso em solo ucraniano.

C

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  1. Corredor humanitário

    Handout/ National Police of Ukraine/ AFP

    Zona de trégua do conflito que permite passagem segura de civis e de ajuda humanitária para populações sem suprimentos básicos como água, remédios, eletricidade e alimentos. Desde os primeiros ataques de Vladimir Putin, o governo ucraniano solicita o cessar-fogo em algumas regiões do país para o estabelecimento de corredores humanitários e afirma que 125 mil pessoas já fugiram por essas zonas de trégua. Vale ressaltar que as áreas desmilitarizadas também abrem espaço para o fornecimento de armas à força sitiada de forma ilícita.

  2. Crimeia

    Região do Mar Negro pertencente à Ucrânia que foi anexada por Moscou em março de 2014. Na época, o povo ucraniano se dividiu entre os que desejavam maior integração com a Rússia e aqueles que apoiavam a aliança com a União Europeia. Muitos protestos tomaram conta do país, o então presidente pró-Rússia - Viktor Yanukovych - foi deposto e Moscou decidiu intervir, apoiando as regiões separatistas no leste da Ucrânia e anexando a Crimeia.

  3. Crimes contra a humanidade

    Podem ser cometidos tanto em períodos de paz quanto de guerra. Fica caracterizado quando é parte de uma política de governo: são assassinatos, massacres, extermínios, uso de crianças como soldado, desaparecimentos forçados, sequestros, escravidão, canibalismo, repressão política ou racial, esquadrões da morte. A primeira definição de crime contra a humanidade aparece nos princípios de Nuremberg, de 1950, aprovados pela ONU.

  4. Crimes de guerra

    São violações aos direitos humanos ocorridos durante guerras. Para julgá-los, basicamente, se utiliza as Convenções de Genebra e o Estatuto de Roma (artigo 8). De forma geral, é quando um dos atores envolvidos no conflito ataca objetivos (humanos ou infraestrutura) não militares - civis, prisioneiros de guerra e feridos (militares ou não). Alguns exemplos: utilização de armas de destruição em massa (químicas, biológicas ou nucleares), ataques propositais contra civis, privar prisioneiros de julgamento justo, tortura, fazer uso de reféns ou de estupro da população civil.

D

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  1. Donbass

    Também chamada de bacia carbonífera de Donets, essa área no leste da Ucrânia conta com diversas indústrias de carvão, metalúrgicas e outras empresas. Na área, ficam Luganski e Donetsk, onde se concentram as batalhas entre separatistas apoiados pela Rússia e o governo russo, desde abril de 2014.

  2. Donetsk

    Uma das cidades no leste da Ucrânia pertencentes à região de Donbass que se intitularam repúblicas, em 2014. Tem mais de 2,3 milhões de habitantes, foi chamada de República Popular de Donetsk (RPD) e teve sua independência reconhecida pela Rússia oito anos depois. Essa independência não foi reconhecida pela ONU.

G

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  1. Gás

    John Macdougall/ AFP

    É o produto que se torno uma espécie de arma geopolítica nessa guerra. A União Europeia (UE) importa da Rússia cerca de 40% do gás natural que consome, para fazer mover suas fábricas e aquecer lares. As duas vias mais imponentes são o Nord Stream 1 e o Nord Stream 2, gasodutos sob o Mar Báltico. O primeiro foi interrompido em julho para manutenção - e havia medo de que a Rússia não religasse o fluxo. O segundo, que deveria ser inaugurado este ano, está paralisado. A dependência é tamanha que mesmo a retomada do fluxo do Nord Stream 1 com fluxo reduzido não deve se suficiente para que o continente abasteça seus estoques para o inverno. A Rússia alega problemas técnicos para aumentar o envio, ao que o Ocidente vê como uma cortina de fumaça para a retaliação para as sanções. Putin já suspendeu envio de gás para Bulgária, Polônia, Finlândia, Holanda e Dinamarca, que se recusaram a acatar os termos do Kremlin, que exige que o pagamento seja feito em rublos (moeda russa).

I

  1. Ilyich

    Localizada em Mariupol, é uma importante metalúrgica ucraniana e palco de uma das principais batalhas da guerra. Foi um dos focos de resistência das forças armadas do país, diante da invasão russa. O local registrou pelo menos 20 mil mortos. Em abril, mais de mil soldados ucranianos se renderam às tropas russas no local.

K

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  1. Kaliningrado

    Um território que pertence à Rússia, espremido entre dois países da Otan, Lituânia e Polônia. A área, de 15 mil quilômetros quadrados e com quase 1 milhão de habitantes, é considerada um posto militar de vanguarda pela Rússia, apelidada de "porta-aviões impossível de afundar" no Báltico. Do ponto de vista estratégico, Kaliningrado é uma espécie de braço estendido de Vladimir Putin sobre a Europa. A área foi ocupada pelos germânicos durante sua expansão para territórios eslavos. A principal cidade, capital administrativa de mesmo nome, foi fundada em 1255. A ocupação soviética ocorreu durante batalhas na Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha nazista. A área que se chamava Konigsberg foi refundada pós-1945 e rebatizada Kaliningrado em homenagem ao ex-líder soviético Mikhail Kalinin, revolucionário bolchevique e um dos fundadores da URSS.

  2. KGB

    Famoso serviço secreto da antiga União Soviética, é considerado o maior grupo de espionagem já existente no planeta com mais de 480 mil colaboradores espalhados pelo globo. A agência foi inaugurada no contexto da guerra fria, em 1954, e oficialmente dissolvida em 1991. O presidente russo Vladimir Putin, inclusive, atuou como agente secreto dessa entidade por 15 anos.

  3. Kiev

    É a capital da Ucrânia. Há uma divergência sobre o uso do termo. "Kiev" é escrita na língua russa, e "Kyiv" no ucraniano. Além disso, os usos distintos têm como pano de fundo discussões políticas e históricas. A escolha entre ambas tem relação com a geopolítica entre as nações e de qual língua tomamos como base para traduzir - russo ou ucraniano, no caso. Como resultado da invasão russa e de toda a crise na Ucrânia, a hashtag #KiyvNotKiev (Kiyv, não Kiev) foi resgatada no Twitter nos últimos dias - que, na verdade, é um slogan do ministério de Negócios Estrangeiros, que teve início em 2018. A ideia era fortalecer a identidade ucraniana no cenário internacional, desvencilhando-a da Rússia.

  4. Kremlin

    Com significado de "fortaleza dentro de uma cidade", esse é o nome da residência dos presidentes russos desde 1991, em Moscou. Além disso, esse complexo fortificado foi construído em 1156 com muros medindo 2.500 metros de comprimento para proteger a cidade de ataques. Atualmente, a construção possui 20 torres - a maior delas com 81 metros de altura - e é um dos principais pontos turísticos de Moscou com museus, igrejas, prédios históricos e o Grande Palácio.

L

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  1. Luhansk

    Também conhecida como Luhansk, é uma das cidades no leste da Ucrânia pertencentes à região de Donbass que se intitularam repúblicas, em 2014. O local tem quase 1,5 milhão de habitantes e foi chamado de República Popular de Luhansk (RPL). Sua independência foi reconhecida pela Rússia em 21 de fevereiro de 2022, mas não foi reconhecida pela ONU.

M

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  1. Mariupol

    Satellite image ©2022 Maxar Technologies/ AFP

    É uma importante cidade portuária no sul da Ucrânia, que se tornou símbolo de devastação no atual conflito. Por sua posição estratégica, a área, de 446 mil habitantes, foi duramente bombardeada pela aviação russa. A prefeitura afirma que 90% da cidade foi destruída - 40% de sua estrutura não poderá ser recuperada. Boa parte da população se tornou refém em sua própria cidade, onde falta alimentos, água e energia elétrica.

N

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  1. Nuclear

    São as armas de alto poder de destruição produzidas a partir de reações de fissão ou de uma combinação de fusão e fissão. A Rússia é o segundo país do mundo com maior número de ogivas nucleares - atrás apenas dos Estados Unidos. No início da guerra, Putin colocou de prontidão suas forças nucleares, em alerta, caso a Otan atuasse no conflito. Em abril, suas forças armadas realizaram teste completo do novo míssil intercontinental para emprego de ogivas nucleares, o RS-28 Sarmat, conhecido no Ocidente como Satã-2. É o mais poderoso armamento do tipo no mundo.

O

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  1. Oligarcas

    Bilionários da elite do poder da Rússia e que, em sua maioria, fazem parte do círculo de amigos e colaboradores do presidente Vladimir Putin que sofreram sanções econômicas desde o início da guerra da Ucrânia. O termo significa "governo de poucos" e seu uso tem origem na época soviética quando, após a morte de Stalin, um pequeno grupo passou a tomar decisões para todo o país. A partir de 1991, o presidente Boris Yeltsin modificou essa estrutura e um grupo restrito aproveitou as reformas para se apoderar da riqueza nacional.

  2. OTAN

    Mateusz Slodkowski/ AFP

    É a sigla de Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança de países europeus, além dos EUA e do Canadá, estabelecida em 1949. Hoje conta com 30 membros. A aliança tem natureza político-militar, promovendo valores democráticos e cooperando em questões relacionadas à defesa e segurança dos aliados. Há tempos a Ucrânia deseja ingressar na Otan. A Rússia vê essa organização como ameaça, principalmente depois de sucessivas ampliações, inclusive para países que antigamente pertenciam à URSS, como Letônia, Lituânia e Estônia.

P

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  1. Pacto de Varsóvia

    Também conhecido como "Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua", foi a reação da União Soviética ao estabelecimento da Otan pelos Estados Unidos e seus aliados. Como o Ocidente tinha um novo bloco político-militar, a URSS estabeleceu uma aliança semelhante entre União Soviética e outras sete repúblicas socialistas para intimidar qualquer ataque que pudesse vir da aliança do Ocidente. O acordo foi assinado em maio de 1955 na cidade de Varsóvia, capital da Polônia, e terminou em 1991, quando a União Soviética foi extinta.

Q

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  1. Químicas

    São armas que contém toxinas ou substâncias químicas que atacam os sistemas do corpo humano. Há diferentes tipos: agentes sufocantes, como fosgênio, neurotóxicos, como Novichok, e vesicantes, como gás mostarda. Esses agentes podem ser posicionados em bombas, mísseis ou dentro de artilharia mais leve. São proibidas pela Convenção de Armas Químicas, um acordo internacional do qual 193 países são signatários, inclusive Rússia e Ucrânia. O agente neurotóxico Novichok foi usado em 2018 para envenenar Sergei Skripal, ex-militar de inteligência russo que atuou como agente duplo para o serviço secreto britânico nos anos 1990. Ele e sua filha foram envenenados no Reino Unido, que acusou a Rússia de ter organizado o ataque.

R

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  1. Rússia

    Alexander Zemlianichenko/ AFP

    É o país que atacou a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Com área de 17 milhões de quilômetros quadrados, é o maior país do mundo em extensão territorial. Conta com 144 milhões de habitantes. É governada pelo presidente Vladimir Putin desde 2012, no atual mandato. Antes governou entre 2000 e 2008. Entre 1922 e 1991, a Rússia foi a maior das Repúblicas que integravam a então URSS. A Federação da Rússia foi criada na sequência da dissolução do império soviético, em 1991. É a décima segunda economia do mundo e um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

S

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  1. Severodonestk

    É uma cidade de 102 mil habitantes localizada em Luhansk, uma das regiões da Ucrânia reivindicada como independente pelos separatistas pró-Moscou. Severodonestk foi ocupada pelos russos após meses de combates intensos. Foi um dos últimos grandes redutos ucranianos na guerra. Seu nome vem do rio Seversky Donetsk.

T

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  1. Transnístria

    É uma faixa de território (3,4 mil quilômetros quadrados) dentro da Moldávia, um país que faz fronteira com a Ucrânia. Seu nome significa "Além do rio Dniepre". Cerca de meio milhão de pessoas vivem na área. A Transnístria declarou independência da Moldávia após o colapso soviético, em uma guerra entre 1990 e 1992. Os russos intervieram para apoiar os grupos separatistas, mas nunca reconheceram a região como um Estado independente. Ainda assim, cerca de 1,5 mil militares russos permanecem na área. A Transnístria, embora não seja reconhecida como um país, tem sua própria Constituição, exército, moeda e bandeira. Teme-se que a Rússia faça na Transnístria o mesmo que está fazendo na região do Donbass, sob o argumento de proteger os russos étnicos que vivem na região.

U

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  1. Ucrânia

    Miguel Medina/ AFP

    É o país atacado pela Rússia desde 24 de fevereiro de 2022. O território faz fronteira com a Rússia a Leste e a Nordeste. Com área de 603 mil quilômetros quadrados e população de 41 milhões de habitantes (antes da guerra), a Ucrânia declarou independência da União Soviética em agosto de 1991. Até então, era uma das repúblicas do império soviético, que colapsou naquele ano. Em 1986, o país foi palco do maior acidente em uma usina nuclear da História, Chernobyl. O país vem sofrendo assédios tanto do Ocidente quanto da Rússia, que entende o território como parte de sua área de influência. Desde 2004, no entanto, a Ucrânia vem se aproximando da União Europeia. Em 2013, o então presidente Viktor Yanukovych revogou acordos de aproximação com o bloco, o que motivou milhares de pessoas a sair às ruas em protesto. As manifestações tiveram como epicentro a Praça Maidan (Independência), no centro de Kiev. Aliás, o nome da capital, segundo os ucranianos, é Kyiv. A escrita é parte de sua reivindicação enquanto Estado independente e soberano, já que Kiev é como os russos a chamam. A Ucrânia foi atacada em 2014 no Sul, tendo parte de seu território, a península da Crimeia, ocupada e anexada pela Rússia. Desde então, vive um conflito separatista no leste do país, no Donbass, área onde a maioria da população fala russo.

X

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  1. Xi Jinping

    Jason Lee/ Pool/ AFP Photo

    É o presidente da China e líder máximo do Partido Comunista Chinês. Está no terceiro mandato (desde 2013), sendo considerado líder de uma era, segundo altos oficiais do PC, o que o coloca no mesmo nível de Deng Xiaoping, presidente chinês que comandou o país por 17 anos. Potência em ascensão no sistema internacional e vista pelos Estados Unidos como desafiante a sua hegemonia, a China tem adotado uma posição pragmática na guerra, tentando se manter afastada das polêmicas, mas tende para o lado russo. Em junho, Xi telefonou para Vladimir Putin, expressando seu apoio "em questões relativas a seus interesses centrais e a grandes preocupações, como soberania e segurança". Em outras palavras, a China segue apoiando Moscou na guerra, ainda que isso não seja divulgado pela mídia estatal. Os chineses, no entanto, buscam certo distanciamento temendo efeitos colaterais das sanções ocidentais sobre seus negócios. O fluxo comercial com a Rússia aumentou muito desde o início do conflito. Em 24 de fevereiro, Xi se recusou a condenar a invasão tanto em discursos quanto em votos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, do qual o país é integrante.

Y

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  1. Yanukovych

    É o sobrenome do ex-presidente da Ucrânia e figura, até 2014, muito influente na política do país, reconhecidamente pró-Rússia. Nascido na região de Donestk, uma das províncias separatistas, o político disputou a eleição presidencial em 2004, marcadas denúncias de fraude. Nesse ano, explodiu a chamada Revolução Laranja, uma série de manifestações por maior transparência no pleito. Com a revolta popular, a Suprema Corte anulou o pleito. Em 2010, ele foi eleito presidente e governou até 2014. Naquele ano, ele revogou acordos de aproximação com a União Europeia, o que levou a uma gigantesca mobilização popular, que durou 93 dias. O epicentro foi a Praça Maidan, no centro de Kiev. Yanukovych deixou o poder e vive exilado na Rússia.

Z

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  1. Zaporizhia

    É uma cidade no sudeste da Ucrânia, com 740 mil habitantes. Mas seu nome se tornou mais conhecido durante a guerra por causa da usina nuclear de Zaporizhia, que, na verdade, fica em Energodar, separada pelo Rio Dniepre, da cidade de Zaporizhia. Trata-se da maior central nuclear da Europa. Nos primeiros dias do conflito, a central foi atacada pela Rússia e um forte incêndio atingiu o prédio administrativo. Os edifícios dos reatores não foram atingidos. O fogo reacendeu o medo de um acidente nuclear aos moldes de Chernobyl. A usina está nas mãos dos russos.

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