O presidente Lula diz que não pensa em outra coisa que não seja ajudar os pobres do Brasil. Já disse, com cara de indignação, que “este país” precisa de um “orçamento para os pobres”. Os cardumes de puxa-sacos bateram palmas. Também afirmou que o governo poderia eliminar a pobreza e criar uma “classe média” doando às pessoas dinheiro do Erário – bastaria aumentar a dívida pública. O Brasil não deve um caminhão de dinheiro por gastar mais do que arrecada? Então é só ficar devendo mais e a miséria some? Já falou que as reservas internacionais em dólares poderiam ser distribuídas para “o povo” – como se fossem um dinheiro que sobrou e está numa gaveta. E no mundo das realidades práticas, o que Lula está fazendo?
A última notícia é que comprou um sofá de R$ 65 mil. Sua mulher, ao que parece, não estava gostando da decoração. Há também uma cama nova, de R$ 42 mil. Os preços dizem tudo. Trata-se de uma cena de deslumbramento cafajeste, brega e explícito diante da chance de gastar dinheiro público em benefício das próprias fantasias. Tudo bem: digamos que a vida de um pai do povo tenha de passar por estas durezas. Mas como é possível um presidente da República ajudar os pobres comprando um sofá de R$ 65 mil?
Quantos brasileiros têm duas peças de mobília de mais de R$100 mil ?
Os devotos de Lula, diante da impotência para resolver essa charada sem solução, vão dizer, automaticamente: “Essa pergunta é bolsonarista”. Com isso ficam menos agitados, mas não se esclarece absolutamente nada: em um país de miseráveis (“120 milhões de pessoas passando fome”, segundo a ministra do Ambiente) e no qual o governo garante que não tem dinheiro para as “políticas sociais”, não faz nexo o presidente gastar R$ 65 mil num sofá e R$ 42 mil numa cama. Se não há verba para cuidar da “fome”, por que há verba para a decoração? Um político que age assim, em português claro, é um farsante.
Quantos brasileiros têm duas peças de mobília de mais de R$ 100 mil? Uns 0000000000,1% da população? É esse o mundo onde vive o “pai do povo”. Desde que foi tirado da prisão por decreto do STF, safando-se da pena que cumpria por ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula se convenceu de que era Deus. Hoje, acha que é Deus elevado ao cubo. Quando se fica assim, a arrogância, a mania de grandeza e o desprezo pela opinião alheia se tornam cada vez mais inconscientes. Lula dá sinais de que deixou de perceber qualquer relação entre o que faz e o que seria a sua obrigação como homem público. A respeito disso, a conclusão mais sensata a que um observador neutro poderia chegar é a seguinte: “Pirou geral”.