Entre os antigos romanos, colocar uma coroa de folhas de louro era forma de homenagear os generais vencedores. Um sinal público de glória e reconhecimento da vitória na guerra. Pois é hora de pôr os louros sobre as cabeças pensantes da segurança pública estadual. Em março, Porto Alegre registrou o menor índice de homicídios em mais de uma década. Foram oito assassinatos, contra 30 no mesmo mês do ano passado.
Não é pouco. E o sucesso é ainda maior se comparado com o auge da mortandade na Capital, março de 2017, quando foram 71 assassinatos. A média daquele ano foi de 2,3 mortes por dia. Agora, é um homicídio a cada quatro dias.
O mérito das reduções começa ainda naquele governo, de José Ivo Sartori (MDB), que implementou uma das medidas que atemoriza os matadores: fez remoções de dezenas de líderes de facções para penitenciárias federais situadas em outros Estados. Longe das bases, os quadrilheiros perdem poder, definham. Depois, veio o governo Eduardo Leite (PSDB), que manteve essa política e implementou outras ações, como a saturação imediata da área do crime com a presença de policiais – por vezes, os assassinos ainda estão ali, ou pelo menos as testemunhas. Ampliou operações específicas para combater homicídios e o poder econômico das facções, como a lavagem de dinheiro das envolvidas nos homicídios. Mandantes, mesmo que de dentro da cadeia, acabam pegando penas até maiores que a dos apertadores de gatilho. E, claro, há sempre recados pedagógicos para os chefes de quadrilha: quanto mais mortes, maior será o sufoco que enfrentarão do aparato estatal.
Em paralelo a tudo isso, concentração de policiais nas áreas mais violentas e cercamento eletrônico, para evitar fuga de envolvidos nos crimes. Tem funcionado, inclusive pelo trabalho integrado com outras forças, como a Polícia Penal e a BM. É uma performance que dá mesmo motivos ao secretário estadual da Segurança, Sandro Caron, ao Chefe de Polícia Fernando Sodré e ao diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Mário Souza, para comemorar. Agora, é manter a fórumla azeitada e fazer as facções entenderem que homicídio não compensa, já que dos lucros elas não abrem mão, mesmo.