Como repórter setorista na cobertura de crimes, me acostumei a enxergar Alvorada como sinônimo de violência. Foi campeã disparada de homicídios no Rio Grande do Sul durante vários anos. Uma vez, cheguei a passar alguns dias incógnito na vila mais atingida pelo morticínio, para relatar a rotina de tensão entre os moradores.
Pois tudo indica que esse tempo passou. Este município da Grande Porto Alegre caiu 35 posições no ranking anual de cidades mais violentas do Brasil, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conforme revela a colega Bruna Viesseri.
É um feito e tanto, apesar de Alvorada continuar em 41º lugar na lista das mais violentas (com 44 assassinatos por 100 mil habitantes, no ano passado).
Conversei com o major Clovis Ivan Alves, comandante do 24º Batalhão de Polícia Militar, que compõe a linha de frente do combate ao crime naquele município. Ele relata algumas estatística impressionantes de junho:
- Redução de 67% nos homicídios (só um assassinato). Na série histórica de 10 anos, apenas uma vez ocorreu número igual.
- Redução de 34% nos roubos a pedestre, que somaram 89 registros. Na série histórica, de 10 anos, apenas uma vez ocorreu indicador menor.
- Redução de 26% nos roubos de veículos, apenas 14 eventos. Na série histórica, de 10 anos, apenas duas vezes ocorreram indicadores menores.
- Redução de 63% nos furtos de veículos, apenas nove eventos. Na série histórica, de 10 anos, apenas duas vezes ocorreram indicadores menores.
O major Ivan está otimista de que os indicadores este ano sejam ainda melhores do que os de 2022, talvez retirando Alvorada da lista dos 50 municípios brasileiros mais violentos. Qual a receita implementada? Ele resume:
- Ações de visibilidade (com colocação de viaturas, motocicletas e policiais a pé, em pontos estratégicos, conhecidos pela violência).
- Ações de inteligência, junto com a Polícia Civil: identificação de criminosos contumazes.
- Abordagens qualificadas (com vistorias em coletivos, táxis, aplicativos).
É mesmo um momento de celebração. Esperamos todos que continue a dar certo. Há motivo para esperança. Brasil afora, diversas cidades vivenciaram esse tipo de redução da criminalidade.