Porto Alegre é a capital das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste que registrou maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2022. Os dados estão no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Nacional de Segurança Pública nesta quinta-feira (20).
Segundo o anuário, são 30 mortes a cada 100 mil habitantes na capital gaúcha. Em números absolutos, foram 400 mortes em Porto Alegre no período de 2022, somando homicídios, latrocínios, feminicídios, mortes em decorrência de intervenções policiais, além de óbitos de policiais civis e militares. O número indica uma alta de 24,8% em relação ao ano de 2021, quando foram assassinadas 322 pessoas na capital gaúcha.
Na Região Sul, o índice de homicídios a cada 100 mil habitantes é de 9,9 em Florianópolis e de 22,1 em Curitiba. Em comparação com capitais mais populosas, como São Paulo e Rio de Janeiro, a taxa fica em 7,3 e 21,2, respectivamente.
Esforço conjunto contra o crime
O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza, destaca que a Polícia Civil desenvolve um trabalho constante e integrado com as demais forças de segurança pública no combate aos crimes contra a vida. Souza frisa que o foco principal é barrar as organizações criminosas que atuam na Capital.
— Porto Alegre teve esse dado levando em consideração o indicador de mortes violentas. Assumimos o departamento de homicídios em fevereiro e estamos realizando um trabalho de enfrentamento priorizando o crime organizado. No primeiro semestre de 2023, temos 79% das mortes sendo investigadas como mortes relacionadas ao crime organizado. São mortes fruto de conflito entre facções rivais ou dentro da mesma facção — explica o delegado.
Segundo Souza, a projeção da Polícia Civil é que o mês de julho encerre com baixa nas mortes em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme o delegado, em julho do ano passado, foram registrados 42 CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais — como homicídio e latrocínio). Até o dia 20 deste mês, foram registrados 19 casos.
A Polícia Civil trabalha em parceria com a Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Susepe, IGP e Guarda Municipal (GM) para combater os assassinatos na Capital. A meta é reduzir gradualmente o patamar atual até chegar a 10 mortes a cada 100 mil habitantes.
— Temos operações de saturação diária, com colocação do efetivo da polícia civil, BM e GMSs, cumprindo mandados de prisão e ações pontuais em casos de crimes, além de capturarmos todos os foragidos. Buscamos sempre o indiciamento das lideranças das facções, realizando operações especiais em conjunto com a Suspepe de fiscalização e busca dentro dos presídios. Em caso de reincidência das lideranças em continuar ordenando mortes, efetuamos as transferências para presídios federais. Temos Foco total das polícias contra o crime organizado, sempre contando com o apoio das pessoas que denunciam — diz o diretor do DHPP.
O major Demian Riccardi, subcomandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento da área central de Porto Alegre, comenta que a Brigada Militar atua de forma preventiva. Ele acrescenta que, embora sejam pontos de maior circulação, bairros como Centro Histórico, Cidade Baixa e Bom Fim, não são os locais onde há mais registros de assassinatos.
— A Capital é dividida em seis unidades. Os homicídios que acontecem na nossa área são fruto de brigas, desentendimentos que acabam em morte, não relacionados a organizações criminosas, como em outras áreas. Temos média de uma a duas ocorrências de homicídio por mês. Temos patrulhamento com motocicletas, a pé e com bicicletas. Sem dúvida, acreditamos que a presença dos nossos policiais nas ruas ajuda a coibir estes crimes, evitando mortes — afirma Riccardi.
O comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento, destaca que a prefeitura vem investindo “pesado” em segurança, de forma preventiva e ostensiva.
— Foram adquiridas novas viaturas, novos armamentos, chamamos 61 aprovados em concurso e o prefeito já anunciou que em breve será lançado novo edital. Atuamos em parques, praças e escolas, sempre de forma integrada com os órgãos estaduais para aumentarmos a segurança dentro de Porto Alegre — sublinha Nascimento.
Rio Grande do Sul
A taxa de Porto Alegre é superior ao do Rio Grande do Sul. No Estado, o índice está em 19,8 homicídios por 100 mil habitantes. Segundo o anuário, trata-se do sexto Estado com a taxa mais baixa, atrás apenas de São Paulo (8,4), Santa Catarina (9,1), Distrito Federal (11,3), Minas Gerais (12,6) e Mato Grosso do Sul (18,7). A taxa mais alta é registrada no Amapá (50,6).
Levando em conta os números absolutos, o RS registrou total de 2.154 pessoas assassinadas, em comparação com 2.073 no ano anterior.
Duas cidades entre as 50 mais violentas
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Rio Grande do Sul possui dois municípios entre as 50 cidades mais violentas do país. Rio Grande, localizado no sul do Estado, ocupa a 24ª posição, enquanto Alvorada, na Região Metropolitana, está em 41º lugar.
Ainda na Região Sul, o Paraná conta com três municípios presentes na lista, enquanto não há registros de cidades de Santa Catarina nesse ranking. O levantamento leva em consideração a taxa de mortes violentas intencionais entre populações com mais de 100 mil habitantes.