Muitas vezes é exagero da mídia chamar um criminoso de bandido. Banditismo, no submundo, é adjetivo reservado para quem suja as mãos de sangue. No caso de Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, a expressão é bem empregada. Ele é indiciado e/ou investigado por nada menos que 20 assassinatos em Porto Alegre, alguns com requintes de tortura. Está condenado por uma tentativa de homicídio. O criminoso sofreu um abalo de R$ 11 milhões em bens em operação deflagrada nesta quinta-feira (16).
Jackson teria entrado em disputa com seus próprios patrões no tráfico, a família Bugmaer, que por décadas dominou o crime na Vila Jardim (Zona Norte). Em paralelo, fez frente aos Bala na Cara, facção rival, nascida na vizinha comunidade da Vila Bom Jesus.
Ele se rebelou e consolidou o domínio dos Anti-Bala com a morte de três Bugmaer. Ele estaria por trás, também, do festival de cabeças cortadas que marca a disputa de facções na capital gaúcha nos últimos anos. Ele seria um dos autores do lema "Bala nos Bala".
Visado como um dos maiores matadores gaúchos, Jackson fugiu para o Exterior. Para surpresa até de policiais gaúchos, que não sabiam sua localização exata, o bandido foi preso no Paraguai por crimes nada relacionados com os de Porto Alegre. Jackson foi detido junto com outros três criminosos brasileiros numa mansão com piscina, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia fronteiriça com Mato Grosso do Sul.
Os policiais paraguaios não estavam atrás de Jackson por saberem quem ele é, mas porque ele teria participado de uma execução ao estilo mafioso. O advogado de um dos maiores criminosos paraguaios, Jarvis Pavão, foi morto numa emboscada em Assunção, junto com a namorada. O carro dos matadores foi identificado e localizado, um dia depois, em Pedro Juan Caballero, guardado na mansão onde estava escondido Jackson. Ao serem avisados da prisão de um brasileiro, policiais gaúchos olharam fotos e reconheceram Jackson como um dos presos pelo duplo homicídio.
Os policiais gaúchos acreditam que, no Paraguai, ele pode ter se aliado a pequenas quadrilhas que enfrentam o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção à qual é ligado o bandido Jarvis Pavão. A suspeita é que Jackson tenha participado dos assassinatos do advogado de Pavão e da namorada do rapaz.
Outra hipótese, menos provável, é que o próprio Pavão tivesse ordenado as mortes, num desacerto interno da sua facção. Como Jackson tinha contra si nove mandados de prisão em Porto Alegre, foi expulso do Paraguai para ficar preso no Brasil. Jackson acabou enviado para Rondônia, onde está trancafiado numa prisão federal.