Integrantes da Hidrovias RS, entidade que reúne representações e empresas usuárias do transporte sobre as águas, reúnem-se nesta quarta-feira (13) com o secretário estadual de Logística e de Transportes, Juvir Costella, para tratar dos recentes casos de embarcações encalhadas em razão do assoreamento. E que trazem preocupação para diferentes atividades, inclusive a agropecuária.
O setor depende desse canal aberto para receber insumos e escoar a produção. O navio Eva Shangai, que encalhou no canal de Itapuã, entre o Guaíba e a Lagoa dos Patos, por exemplo, estava carregado com fertilizantes.
— Estamos questionando desde sempre (sobre a situação), nossa preocupação maior neste momento é com a agilidade. Os navios já não conseguiam estar com carga plena antes (da cheia de maio), porque as dragagens não estavam em dia — afirma Fábio Avancini Rodrigues, coordenador da Comissão de Infraestrutura e Logística da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e diretor da Hidrovias RS.
De 2022 para 2023, mais de cem navios deixaram de vir a Porto Alegre em razão dos riscos. A dragagem é a ferramenta utilizada para a limpeza de sedimentos em vias navegáveis, ao passo que o desassoreamento é para a retirada do excesso em todo o Guaíba, explica o dirigente:
— Tem de fazer os dois.
Os pedidos para dragagem "vêm sendo feitos há mais de dois anos", reforça Avancini.
Alerta "da janela"
Da janela onde fica a sede da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), na Avenida Mauá, o presidente da entidade, José Eduardo dos Santos avista bancos de areia no curso do Guaíba. E faz coro ao temor de impactos à atividade, sobretudo após os episódios de encalhe de embarcações com adubo. A atenção quanto ao fluxo se estende até o porto de Rio Grande, com relatos de que navios de grande porte por vezes relutam em acessar o terminal em Rio Grande por preocupação com o assoreamento:
— Isso acende uma luz. Dependemos muito do porto para escoamento e chegada de insumos.
Na semana passada, foi aprovada a destinação de R$ 731 milhões para dragagem e demais obras nas hidrovias gaúchas. A previsão do titular da pasta de Logística e Transporte é realizar as contratações mais emergenciais em novembro, com os primeiros serviços começando já em dezembro.