O tráfego de embarcações entre a Lagoa dos Patos e o Guaíba deve ser regularizado ao longo desta semana. Na quinta-feira (31), o navio Mount Taranaki encalhou no canal de Itapuã, em Viamão, por conta do baixo nível da água.
Apesar de ter sido rebocado nesse domingo (3), o Mount Taranaki, controlado por uma empresa argentina, e mais quatro embarcações seguirão aguardando a liberação para seguir viagem. O tráfego poderá ser retomado sem transtornos entre quinta (7) e sexta-feira (8), segundo a Climatempo, após a passagem de uma frente fria pelo Rio Grande do Sul.
De acordo com o diretor da Praticagem da Lagoa dos Patos, Geraldo Almeida, apenas após a elevação de nível dos canais vai ser possível retomar a circulação. O problema afeta, além do navio argentino, uma embarcação atracada no porto da Capital, uma já no canal em Viamão, ao norte da Lagoa, e duas em Rio Grande.
Impactos da enchente
As condições ruins para o trânsito de embarcações foram agravadas pelo acúmulo de areia provocado pela enchente de maio. Segundo o geólogo Rualdo Menegat, um estudo minucioso deve ser realizado para que não haja prejuízo ainda maior para o canal de Itapuã e outros pontos hídricos do Estado.
— É necessário um levantamento batimétrico de detalhe do fundo da Lagoa, especialmente do canal de navegação, para saber como restabelecer as condições de navegação segura. O certo é que não se pode fazer uma intervenção no leito sem dimensionar em detalhe a nova configuração. Em meios líquidos, uma mudança em um determinado lugar pode gerar efeitos danosos onde não se espera — aponta Menegat.
Almeida ressalta que alguns pontos já foram debatidos com a Portos RS, autoridade portuária no território gaúcho. A principal exigência é a dragagem do Guaíba. Segundo ele, o canal perdeu cerca de um metro com os deslizamentos e acumulo de areia, acentuados pela falta de manutenção.
— Quando acontece o assoreamento do canal, sem casos extremos, existe uma necessidade de manutenção. Devido à falta de cuidado dos últimos anos, os rios começaram a apresentar um sedimento maior, o que diminuiu a profundidade. Após a enchente, isso ficou ainda pior. A profundidade do canal, que era de 5m80cm, reduziu para 4m80cm. Em algumas partes dos canais, o assoreamento foi ainda maior – onde os navios de 5m20cm metros não vão poder passar. Essa situação cria uma espécie de quebra-molas, fazendo com que a passagem seja basicamente impossível — detalha Almeida.
A Portos RS comunicou que apenas a dragagem é a solução, mas aguarda investimentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), via governo Federal, para realizar a operação. A gestora salienta que os problemas atuais são um reflexo dos eventos climáticos extremos.
Em 2023, apenas duas embarcações encalharam nas hidrovias entre os portos gaúchos, ambas no mês de fevereiro. Na época, o Estado passou por uma forte estiagem, o que impactou no nível dos canais e prejudicou a navegação. Neste ano, quatro navios ficaram encalhados, todos a partir de junho.
Produção: Gabriel Dias