Imagens captadas nesta terça-feira (23) mostram um banco de areia próximo à Ilha das Balseiras, no Guaíba, em Porto Alegre. O registro foi feito por Leomar Teichmann, engenheiro civil especialista em drenagem urbana e hidrologia.
Para ele, a situação ocorreu por conta dos volumes atípicos de chuva registrados no Estado nos últimos meses.
— É um local que historicamente tinha um pequeno banco de areia que aflorava em épocas de seca intensa. Agora vemos um grande acúmulo de sedimentos depois das inundações de setembro, novembro e maio de 2024 — resume.
O engenheiro usou um drone para fazer as fotos aéreas do local, que, segundo ele, tem área aproximada de 25 campos de futebol. Teichmann estima que a “ilha” tenha 1,4 quilômetro de comprimento e 250 metros no local mais largo.
— É um ponto onde o assoreamento se tornou visível, mas pelo sonar do barco (instrumento que detecta obstáculos submersos) que nos levou até lá, observamos que todo o trecho está com uma profundidade inferior à que tinha antes da sequência de inundações — afirma.
Rodrigo Paiva, hidrólogo e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pontua que o aumento do banco de areia é esperado por conta da localização do lago.
— A chuva causa a erosão dos solos e dos canais nos rios de montanha. Esses sedimentos são carregados e a deposição ocorre onde a declividade é mais baixa, como é o caso do Guaíba. É um fenômeno natural depois de cheias — explica.
Paiva afirma que não é possível prever o futuro do banco de areia: se ele diminuirá ou se aumentará caso o nível do Guaíba reduza.
— Toda a região das ilhas foi formada por um processo de muitos anos de deposição de sedimentos. Os limites da paisagem são dinâmicos — acrescenta.