É da forma tradicional e consorciada que a produção se desenvolve em territórios quilombolas do Rio Grande do Sul. Do contingente de 140 comunidades certificadas e reconhecidas pelo Ministério da Cultura no Estado, 87% estão em áreas rurais e 13% em urbanas, aponta o diagnóstico realizado pelo Estado em 2022.
Regina da Silva Miranda, extensionista e coordenadora estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social com comunidades remanescentes de quilombos da Emater/RS, completa que são “áreas pequenas, disputadas, que por tradição produzem alimentos de forma limpa” (sem químicos). Há ainda o consórcio de plantas alimentícias, ritualísticas e medicinais. Também são guardiões das sementes crioulas:
— Eles são a resistência. Estarem vivos e manterem a cultura, preservando milho cateto, feijão sopinha, é uma grandiosidade.
Quem presta assistência aos remanescentes de quilombolas precisa ter um olhar diferenciado, uma relação de escuta sensível, não se pode tratar com a mesma lógica de um produtor familiar.
O desafio número 1, aponta Regina é terra/território. Das 140 comunidades quilombolas só cinco têm titulação e 108 estão com processo aberto no Incra. Sem o documento, surge a barreira de acesso a políticas públicas. Outro obstáculo é a infraestrutura.
— O que encapsula tudo isso é o racismo estrutural. Faz com que esses outros desafios estejam pendentes — pontua a extensionista.
A Emater terá uma série de atividades para celebrar a data de hoje, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.