O Rio Grande do Sul, como um todo, possui o maior índice de envelhecimento do Brasil, e esse comportamento se repete quando observada exclusivamente a situação da população quilombola no Estado. Por outro lado, a situação se inverte no recorte populacional indígena do RS, que possui um baixo índice de envelhecimento, conforme dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE).
O índice de envelhecimento indica o número de pessoas com 60 anos ou mais que existem a cada grupo de 100 pessoas com idade entre 0 e 14 anos. No RS, o índice geral da população é de 80,35. Dos quilombolas é um pouco superior, sendo 82,69, e já o dos indígenas é de 25,54.
Assim como em outros 21 Estados, o índice de envelhecimento da população quilombola do RS é maior do que a geral. Conforme Luís Eduardo Puchalski, coordenador Operacional do Censo no Rio Grande do Sul, isso pode se dar por diversos fatores que envolvem características específicas de cada Estado e região.
— O Rio Grande do Sul tem um índice de envelhecimento para população, de um modo geral, mais elevado no país. Como essa população quilombola está inserida no contexto da população gaúcha, então, normalmente ela é influenciada pelos mesmos hábitos relacionados à alimentação, à saúde, cuidado com a saúde — explica Puchalski.
Ele acrescenta que, apesar da população quilombola ter suas características e parte dela viver em territórios onde se mantém muito da cultura tradicional, ela não é totalmente isolada. Por esse motivo, ela se entrelaça mais com a cultura e condições do ambiente do Estado como um todo.
Enquanto isso, a população indígena gaúcha possui índice de envelhecimento menor do que o geral do Estado, assim como no restante do país, e isso pode indicar dois cenários. O primeiro seria o mais positivo, de que existe um crescimento e rejuvenescimento desta população, já a outra possibilidade é de que poucos indígenas conseguem chegar e ultrapassar os 60 anos.
Puchalski explica que ainda não é possível afirmar ou descartar nenhuma das hipóteses que justificam o índice de envelhecimento dos indígenas, pois ainda não foram divulgados dados sobre taxa de fecundidade e mortalidade desta população. Apesar disso, elas podem ser reforçadas com base nas análises dos dados do Censo 2010 e características desse recorte populacional.
— O principal fator está relacionado, realmente, à taxa de fecundidade mais elevada nessa população. Então, por isso que o índice de envelhecimento é muito mais baixo e a idade mediana também é muito mais baixa, porque você tem ainda uma taxa de fecundidade mais elevada. Isso é uma característica da população indígena em todo o país — aponta o coordenador.
Outro ponto apresentado por Puchalski é a diferença do índice de envelhecimento encontrado entre a população indígena que vive dentro do território para a que vive fora:
— Aqueles indígenas que estão dentro do território, que mantêm mais as suas questões culturais mais fortes, ou seja, têm menos influência do externo, eles têm uma população ainda mais jovem do que os indígenas de um modo geral. Porque aqueles que estão fora do território, que estão, digamos assim, imersos nas cidades, que vivem nas cidades, que têm um comportamento mais parecido com a população de um modo geral, eles têm um índice de envelhecimento, já que se aproximam um pouco mais da população de um modo geral, bem diferente dos indígenas que estão dentro dos territórios.
Dados atualizados
Quando comparados aos dados apresentados na primeira divulgação do Censo 2022, em junho de 2023, são encontradas algumas divergências. Isso se deve as últimas revisões de campo que foram realizadas devido a problemas em alguns setores censitários.
Oficialmente, no Rio Grande do Sul, foram contabilizados 17.552 quilombolas, um aumento de 56 moradores a mais, e 36.102 indígenas, seis a mais do que apresentado anteriormente. Juntos, eles representam 0,49% da população gaúcha.