O Brasil tem 1.693.535 indígenas, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira (7). O resultado indica que o grupo representa 0,83% da população brasileira, composta por 203 milhões de habitantes.
A quantidade é próxima à estimativa divulgada pelo instituto em abril deste ano. Houve um salto de 88,8% na comparação com o censo anterior, de 2010: naquele ano, 896.917 pessoas se declararam indígenas pelo quesito de cor, raça ou de acordo com aspectos como tradições, cultura e antepassados.
Desde o Censo 1991 os povos indígenas do país são investigados pelo IBGE com base na identificação dos participantes que se classificam como “indígena” na pergunta sobre “cor ou raça”. Em 2010, o instituto levou a pergunta de “cor ou raça” para o questionário básico, aplicada à população geral. “Você se considera indígena?” foi a pergunta feita no questionário no último levantamento.
Segundo Sônia Zanotto, coordenadora de divulgação do Censo 2022, o trabalho recente mudou a metodologia utilizada nas pesquisas passadas, o que pode explicar o fato de o grupo ter quase dobrado de tamanho nos registros oficiais.
— A comparabilidade com o dado de população indígena de 2010 precisa de alguns cuidados metodológicos: a variação de população entre os censos não pode ser explicada exclusivamente pelo seu componente demográfico. O IBGE aperfeiçoou a forma de captação de coleta dos dados dos povos e comunidades indígenas. Em 2022, além de considerar as terras designadas - ou demarcadas - para a ocupação dos indígenas, foram mapeados outros territórios identificados com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e outras comunidades indígenas. A questão geográfica foi ampliada — explica Sônia.
O levantamento de 2022 informa que 689.202 indivíduos do grupo moravam em terras indígenas e 1.071.469 fora desses locais.
Estados do norte do país são os com as maiores populações indígenas. O Amazonas tem o maior número absoluto: 490.854 pessoas ou 12,4% da população total do Estado. Roraima lidera no quesito percentual, com 15,29% dos habitantes autodeclarados indígenas no Censo 2022. A região concentra 44,4% do indígenas brasileiros. Veja a evolução do grupo nos últimos dois censos no infográfico abaixo:
Crescimento também no RS
O Censo 2022 informa que o Rio Grande do Sul tem 36.096 indígenas, o que representa 0,33% frente aos 10,8 milhões dos habitantes do Estado. O levantamento aponta acréscimo de 2.095 pessoas na contagem do grupo, ou diferença de 6,1% na comparação com 2010. Veja abaixo quantos indígenas moram em cada município gaúcho:
São Valério do Sul, no Norte, é o município gaúcho com mais indígenas (1.237) na comparação com o número de habitantes (2.543), relação que representa 48,6% do total. Nos números absolutos, Redentora, também no Norte, é o que lidera: 4.192 (43% da população), seguido de Porto Alegre com 2.954 (0,2% dos habitantes) e Tenente Portela com 2.194 (15,1% dos moradores).
O RS é o Estado do sul com o grupo mais expressivo em números absolutos, à frente do Paraná (30.460) e Santa Catarina (21.541), conforme o IBGE.
Municípios com mais indígenas no RS (números absolutos)
- Redentora: 4.192
- Porto Alegre: 2.954
- Tenente Portela: 2.194
- Nonoai: 1.652
- Planalto: 1.329
- São Valério do Sul: 1.237
- Charrua: 1.109
- Cacique Doble: 987
- Ronda Alta: 981
- Benjamin Constant do Sul: 964
Municípios com maiores percentuais de indígenas na população
- São Valério do Sul: 48,6%
- Benjamin Constant do Sul: 46,3%
- Redentora: 43%
- Charrua: 40,1%
- Engenho Velho: 33,3%
- Cacique Doble: 21,4%
- Muliterno: 15,9%
- Tenente Portela: 15,1%
- Erebango: 14,8%
- Três Palmeiras: 13,5%
O Censo
O Censo Demográfico é a maior operação estatística realizada no país, e ocorre a cada 10 anos. O levantamento deveria ter sido divulgado em 2020, o que não foi possível devido à pandemia de covid-19. A pesquisa colheu dados em 5.570 municípios brasileiros. Nos primeiros resultados, o Censo informou dados sobre população, domicílios, área dos municípios e densidade demográfica. O levantamento da população quilombola também foi divulgado no trabalho, que deve informar o restante dos dados nos próximos meses.