A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Apesar do cenário adverso para os produtores da zona rural de Porto Alegre, a feira do pêssego reafirmou, mais uma vez, o seu tradicional ponto de vendas neste ano: o Centro Histórico. Nesta safra, o volume colhido da fruta está menor (veja abaixo). E há um histórico recente de abandono de pomares por desestímulo.
Mesmo assim, as bancas instaladas no Largo Glênio Peres se mantêm no espaço pela importância na comercialização de quem segue na atividade.
— É complicado o produtor da Capital competir com os grandes que abastecem a Ceasa. Por isso, esses pontos continuam sendo tão importantes para eles — observa o presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, Cléber Vieira.
A feira, iniciada no último dia 4, segue até o final de dezembro, de segunda-feira a sábado, das 6h às 21h. No local, cinco famílias se revezam na venda de pêssegos, nectarina, ameixa e flores.
A safra e o desestímulo
A produtividade da safra na Capital deve ficar em torno de cinco toneladas de fruta por hectare neste ano. É uma queda de 37,5%, segundo a Emater. E os motivos têm a ver com o clima, mas não só ele. A seca dificultou o desenvolvimento das gemas vegetativas e a frutificação dos pomares. Depois, o excesso de chuva, ventos fortes e a ocorrência de queda de granizo se somaram e influenciaram na baixa produtividade deste ano.
Para Vieria, o volume que está sendo colhido neste ano chama a atenção ainda para o cenário de desestímulo que vive a zona rural. De acordo com o presidente do sindicato, a produção total dessa safra, que deve chegar a 30 toneladas, era praticamente o que apenas um produtor colhia na sua propriedade antigamente. É por isso também que a tradicional Festa do Pêssego, no bairro Vila Nova, não tem mais ocorrido.
— Porto Alegre já foi a Capital da fruta, pelo tamanho da sua produção. Hoje, restaram cinco produtores, no bairro Vila Nova. E que estão a ponto de largar, lamentavelmente — acrescenta Vieria.
Além da falta de sucessão rural, o secretário municipal de Governança Local e Coordenação Política, Cassio Trogildo, que participa neste domingo (17), a partir das 6h, do programa Campo e Lavoura, na Rádio Gaúcha, cita o avanço da cidade para dentro da zona rural como fatores para esse cenário:
— Houve uma pressão de crescimento demográfico e também de ocupação populacional. A cidade passou por ali, né. Hoje, na verdade, a nossa zona rural está concentrada no extremo sul da cidade.