A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O perfil das propriedades rurais do futuro alia dois temas de discussões atuais: a participação das mulheres na gestão dos negócios e os modelos produtivos baseados na sustentabilidade. As duas vertentes de transformação apareceram juntas na edição mais recente da Pesquisa Mulheres Que Inovam o Agro, onde 57,8% das participantes declararam interesse em trabalhar a agricultura regenerativa nas propriedades nos próximos anos.
A pesquisa ouviu mulheres de diversos perfis relacionados ao agronegócio ou não, com destaque para produção agrícola e pecuária. E mostrou que, na visão delas, o principal desafio para promover a inovação no agronegócio está na mudança cultural (69,8%) e na capacitação das pessoas (58,7%) que formam o setor.
— Ao mesmo tempo que existe o grande querer na prática, existe na presença feminina o potencial das mudanças. A agricultura regenerativa não é só uma questão técnica, mas uma questão de trabalho, de mudança da qualidade de vida, de coisas que se casam com a integridade. É uma grande aposta e estamos vendo como potencial de mudança — disse à coluna Dalana de Matos, idealizadora da pesquisa e estrategista de inovação no PwC Agtech Innovation.
O assunto foi tema de painel do AgTech Meeting nesta quarta-feira (2), em São Paulo, com a presença das produtoras Paula Uriacos, agricultora da Fazenda de Três Meninas, pioneira e referência em sustentabilidade e qualidade no café, e Lorena Mangabeira, líder e idealizadora do Projeto Flores do Café e do Bem-Estar.
Ainda de acordo com a pesquisa, a habilidade que o mercado mais está demandando das mulheres é a inteligência emocional, necessária para mudanças de sistema. Mas só 43,9% delas responderam que se consideram inteligentes emocionalmente na pesquisa, destaca Dalana.
Outro dado fala que 52,3% das participantes encontram nos grupos de outras mulheres as saídas e os locais para se desenvolverem e superarem desafios, gerando resultados efetivos no campo.