A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Com maior espaço ano após ano, as fontes renováveis ganham papel importante em 2024 nos sistemas de produção de aves e suínos da Seara. A tradicional marca de alimentos da gigante JBS fechou 2023 com mais da metade (55%) das granjas dos seus produtores integrados com energia solar. Resultado que fica mais representativo quando consideradas apenas as granjas de aves. Nelas, a adoção de energia solar chegou a 60% no final do ano passado.
No Rio Grande do Sul, há regiões que se destacam com quase a totalidade das granjas abastecidas de energia solar. É o caso dos integrados da região de Salvador do Sul, localizado no Vale do Taquari, onde a adoção de placas fotovoltaicas ultrapassou 96% das propriedades. Em Trindade do Sul, no Norte, a porcentagem é semelhante: 92%.
De acordo com Vamiré Luiz Sens Júnior, gerente-executivo de sustentabilidade agropecuária da Seara, há uma série de fatores que influenciam no crescimento da adoção da tecnologia:
— No Estado, é muito comum ter granjas tecnológicas, automatizadas. E as granjas mais modernas tendem a consumir mais energia elétrica, que passa a ter uma participação importante no custo de produção. Isso faz com que os produtores busquem alternativas para redução desse custo.
Além do preço da energia elétrica — que corresponde de 20% a 28% do custo de produção do produtor integrado —, outro incentivo vem da própria Seara, na avaliação de Sens Júnior. A empresa tem estimulado os seus integrados a adotar energia solar por meio de bonificação e da intermediação de financiamento, com juros reduzidos.
No caso da bonificação, a empresa tem uma espécie de check list desde 2016 que baliza a política de remuneração, considerando critérios de adequação estrutural e de procedimentos, sustentabilidade e regras de bem-estar animal. As granjas que são aderentes aos três itens passam a ter direito à bonificação. O retorno do investimento está previsto em três anos.
— É importante que o produtor integrado tenha vantagens competitivas e que o negócio dele seja rentável — acrescenta Sens Júnior.
Para Renato Aloísio Schommer, produtor em Salvador do Sul, a principal vantagem de ter instalado placas fotovoltaicas nos seus três aviários de criação de matrizes de peru de produção está no "reinvestimento do valor em outras ações" na granja.
De Trindade do Sul, o produtor Juliano Menegon, que produz frango de corte em quatro aviários, concorda:
— Consigo rentabilizar a propriedade, economizando em torno de R$ 6 mil por lote, auxiliando em manutenções preventivas e estruturais da granja.
Das quase 10 mil famílias integradas à Seara, 3 mil estão no Rio Grande do Sul. Toda a base de produção agropecuária da Seara é produzida por esses produtores.