A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Chuva, granizo e vento forte, mais uma vez, atingiram em cheio a produção agropecuária gaúcha. O tamanho do prejuízo no campo com os temporais desta terça (16) e quarta-feira (17) ainda está sendo levantado pela Emater por meio do Sisperdas — sistema abastecido com informações de perdas por todos os escritórios regionais e municipais da entidade. Mas já se prevê que os principais estragos estejam em moradias de produtores, em vias vicinais e na pecuária. Há relatos de pastagens e galpões alagados e pocilgas e salas de ordenha destruídos.
Para o gerente do escritório regional da Emater de Lajeado, Cristiano Laste, o cenário é "bastante difícil":
— Mais uma vez teremos que trabalhar com as famílias, juntos com outras entidades públicas, prefeituras, para fortalecer a mente dos produtores. Incentivar a permanência no campo e o não abandono da atividade agropecuária.
No regional de Lajeado, devastado por enchentes no último ano, o problema maior desta vez foi nas instalações de suinocultura, avicultura, bovinocultura de leite e moradias.
O mesmo tipo de perda também foi registrado na regional de Santa Maria. Segundo a gerente adjunta do escritório da Emater, Simone Mai, o mau tempo foi "assustador":
— Nunca vi tanta árvore caída, de arrancar com raiz e tudo. A maioria das casas dos produtores estão com lonas. Tomara que (esse temporal) não venha mais. As pessoas estão sem teto.
Na regional de Bagé e de Santa Rosa, os extensionistas também receberam relatos de perdas estruturais.
— Foi muita chuva, mas teve granizo também. Municípios como Rosário do Sul, São Gabriel e Santa Margarida do Sul foram os mais afetados — descreve Carlos Eduardo Suertegaray, gerente adjunto do escritório regional de Bagé da Emater.
Médico veterinário da Emater de Santa Rosa, Jorge Lunardi diz que um dos principais prejuízos na regional também foi o alagamento da pastagem:
— A vaca agora não consegue pastar direito. Tem muita água.
Em Dom Pedrito, município que tem a maior área plantada de soja no Estado, o chefe do escritório municipal da Emater, Walney Lucas Moreira, já adianta que os 160 mil hectares não devem ser alcançados neste ano:
— Não sei se vamos perder o posto, vai depender de outros municípios. Mas 160 mil hectares não vamos plantar. O plantio já está extemporâneo.
Na regional de Caxias do Sul, as perdas foram pequenas até o momento, relata o gerente adjunto da Emater, Gilberto Bonatto. Houve o registro de uma queda de parreiral em Monte Belo do Sul, na Serra, destelhamento de casas e árvores caídas. Mas ele pondera:
— A repercussão disso não vai ser agora, vai ser mais para frente. Poderão surgir doenças nos parreirais pela alta umidade trazida pelas chuvas.
Cenário distinto em outras regiões
Nos regionais de Pelotas, Passo Fundo e Frederico Westphalen, a chuva não foi tão forte e chegou a ser positiva para as lavouras de soja — em plena floração no Estado.
— É que a chuva estava bem esparsa. Não é que estava faltando, mas tinha localidades que já se observava plantas com início de estresse hídrico. No fim, a chuva foi bem boa, importante — explica o gerente do escritório regional da Emater de Frederico Westphalen, Luciano Schwerz.
A Emater não tem previsão de divulgação do levantamento. Em nota, justificou: "O alerta da Defesa Civil é até amanhã e tem muitos municípios sem energia elétrica e internet".