A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A previsão de tempo severo que coloca o Rio Grande do Sul em alerta até quinta-feira (18) preocupa também em relação aos efeitos que pode causar no campo. Com potencial para temporais em todas as regiões do Estado, o mau tempo pode deixar estragos em diversas culturas.
O meteorologista da secretaria da Agricultura do RS e coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro), Flávio Varone, alerta que o perigo maior é para a quantidade de chuva prevista num curto intervalo de tempo. As simulações variam, mas os prognósticos apontam para volumes que podem chegar a 150 milímetros de chuva em algumas regiões.
Nas lavouras já implementadas, o risco da chuva intensa é alagar as plantações. Na soja, principal cultivo do verão, 87% das plantações estão em estágio de desenvolvimento vegetativo, condição que foi favorecida pelo clima até aqui. Já nas frutíferas, o problema pode ser o granizo. Nas regiões de cultivo de uva, onde a colheita já inicia, as pedras de gelo podem danificar as frutas. Há risco também para as folhosas, muito sensíveis aos vendavais.
Assistente técnico em culturas da Emater, Alencar Rugeri diz que, de maneira geral, a chuva é bem-vinda às lavouras neste estágio de desenvolvimento, sobretudo porque há necessidade de água em meio aos dias de calorão. No entanto, desde que não seja fora dos parâmetros:
— Depende muito do volume que vier, porque em excesso pode ser devastador. O que está previsto é menos traumático neste momento porque temos o solo coberto. Mas quanto mais fora da curva, maior será o dano.
Rugeri acrescenta que o volume em si de precipitação não seria tão preocupante às plantações, não fosse a combinação de mau tempo. Se vier com vento forte ou granizo, o temporal pode deixar danos severos aos produtores.
Outra preocupação, depois da chuva, é com a sanidade das lavouras. A safra este ano se desenvolve em condições climáticas que exigem mais atenção em relação às doenças, entre elas a ferrugem asiática, que acomete a soja. Os casos da doença crescem em situações de calor e umidade, exatamente o contexto em que se forma o tempo severo previsto para os próximos dias.
— Não se trata de uma frente fria, então não vem frio depois da chuva. É calor e umidade — alerta Varone.