Considerada a nova fronteira agrícola na produção de soja do Estado, a Metade Sul teve nas últimas décadas um avanço expressivo do espaço à cultura. E fez a posição do município com maior área plantada migrar do Norte para lá. As projeções da safra 2023/2024 apontam Dom Pedrito novamente à frente, com 160 mil hectares. Em 2022, desbancou Tupanciretã, no Noroeste, do posto. A semeadura do grão no Rio Grande do Sul já começou, mas o ritmo ainda é lento: soma 3% dos 6,74 milhões de hectares a serem cultivados no território gaúcho, conforme levantamento semanal da Emater.
— Assim que liberar a colheita de trigo, vai andar bem (o plantio de soja no Estado) — projeta Décio Teixeira, vice-presidente no Estado da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja-RS).
Sobre a liderança de Dom Pedrito como município de maior área de soja no RS, já expressa no ciclo passado, diferentes razões são apontadas para esse crescimento. Para se ter uma ideia, em 2000, a cidade tinha apenas 2 mil hectares com o grão, segundo dados do IBGE. Dez anos depois, eram 26 mil hectares. Na safra passada, esse número saltou para 151,5 mil.
— A gente sabia desse potencial de Dom Pedrito, que passariam a ser a maior área de soja. É um vasto município —acrescenta Teixeira, em referência ao tamanho do município, 519,4 mil hectares.
Mas não foi só o espaço territorial existente que impulsionou o grão. A entrada da soja nas áreas de várzea, em rotação com o arroz, é outro fator apontado para a expansão. O alto grau de tecnificação do arrozeiro facilitou a transição, entende o vice-presidente da Aprosoja-RS. Produtor e presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, José Roberto Pires Weber, lista uma combinação para explicar o aumento da área: tecnologia, passando por sementes, técnicas, manejo e a qualificação existente na produção agrícola.
— Evidentemente que isso trouxe muito mais do que só área plantada. Hoje há 22 empresas que vendem insumos, 11 que recebem grãos (no município). Trouxe mais empregos, circulação de riqueza. E conseguimos diversificar (a produção) — completa Weber, citando o leque de atividades agropecuárias que incluem vitivinicultura, olivicultura, pecuária, ovinocultura, entre outras.
Para além da área, a avaliação é de que há espaço a ganhar ainda quando o assunto é produtividade. Outro gargalo a ser vencido é o da mão de obra qualificada para dar conta de uma produção cada vez mais tecnológica.