A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
No novo desenho do mercado de trabalho do agronegócio, os contornos que aparecem são de um universo com redução do número de vagas, mas com posições que exigem maior qualificação e pagam salários maiores. É o que aponta estudo do FGVAgro, braço dedicado ao setor dento da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta segunda-feira (30).
A análise foi feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE entre o segundo trimestre de 2016 e o deste ano.
Para Roberta Possamai, pesquisadora do FGVAgro que colaborou com o trabalho, esse cenário se deve, em parte, porque a tecnologia adotada na atividade tem exigido menos mão de obra:
— Só que essa tecnologia demanda uma maior qualificação. Não é qualquer pessoa que opera uma máquina agrícola, por exemplo. E isso resulta em maior remuneração.
No período analisado, foram 558 mil postos de trabalho a menos, queda de quase 4%, puxada principalmente pela agropecuária, que reduziu o número de empregos informais, mas aumentou o de formais. O segmento soma hoje 13,78 milhões de empregos no país. No Rio Grande do Sul, onde o recuo foi também de quase 4%, o contingente soma 1,09 milhão.
Considerando os segmentos do estudo (agroindústrias e agropecuária), o número de empregos informais reduziu em 10,3% no período — foram menos 924,3 mil empregos. Já as vagas formais cresceram 6,8% ou 366,3 mil postos de trabalho.
A remuneração média acompanhou a alta: no país, passou de R$ 1.793,69 para R$ 2.018,99, avanço de 12,6%. A agropecuária foi igualmente a impulsionadora do crescimento (veja acima). No Estado, o crescimento foi um pouco maior, de 18,9%, indo de R$ 2.542,00 para R$ 3.022,00.