Se tudo der certo, e o clima não atrapalhar, a agropecuária do Rio Grande do Sul deve fechar 2024 com um PIB 41% maior do que o deste ano, que já será de alta (de 21,82%). Ainda assim, os níveis da atividade produtiva não alcançam os de 2021, segundo levantamento da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), que apresentou nesta terça-feira (19) o balanço e os prognósticos do setor. Para chegar ao patamar daquele ano, seria necessário um avanço de mais 6,49%, o que deve ficar para 2025.
— Esse crescimento ainda nos deixa abaixo, em termos de atividade, do que era 2021. Ou seja, nós não recuperamos o ano de 2021, apesar desse crescimento — explica Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, sobre o avanço previsto para 2023 e 2024.
Considerando apenas o Valor Bruto de Produção (VBP), o montante esperado para o próximo ano, R$ 67 bilhões, é 25% menor do que o registrado em 2021, R$ 91 bilhões. É que de lá para cá, o Rio Grande do Sul enfrentou dois anos consecutivos de estiagem, que reduziram o volume de produção de forma mais drástica na colheita de 2022, mas ainda na deste ano. Por ora, apesar dos efeitos trazidos pelo excesso de chuva – resultado da influência do El Niño — a estimativa é de que o próximo ano seja de uma safra normal, com 37,12 milhões de toneladas de grãos, expansão de 30,6% sobre a colheita deste ano.
— Realmente, estamos com excesso de chuvas. Houve muito replantio, lastimavelmente, mas vemos lavouras boas, mais ou menos e ainda por serem plantadas. O que preocupa mesmo é a chuva no momento da colheita, porque não sabemos até quando vai o El Niño — pontuou Gedeão Pereira, presidente da Farsul.
O dirigente lembrou que no ciclo 2016/2017 houve um El Niño forte, em que se perdeu "muita lavoura de soja na hora da colheita". Por conta desse e dos outros ingredientes de incertezas que se colocam em 2024, a recomendação aos produtores é de que tenham cautela:
— Não procurem alavancagem, não se endividem.
No Brasil, os prognósticos apontam na direção contrária. Depois de subir 16,10% neste ano, a agropecuária tem uma estimativa de recuo de 3,35% para 2024. Importante lembrar que o país vem de uma sequência de safras cheias, diferentemente do Rio Grande do Sul.