Os números do PIB brasileiro confirmaram que agropecuária fechou o difícil ano de 2020 como a exceção à regra. Puxada principalmente pela produção farta e preços favoráveis, a atividade conseguiu crescer 2%, mesmo com todas as adversidades trazidas pela pandemia. Ainda assim, sozinha, não conseguiu impedir o tombo histórico de 4,1% na economia nacional. Para 2021, a estimativa é de que o ritmo do setor se mantenha em alta, ajudando a puxar também os resultados de indústrias relacionadas à produção.
— Deveremos ter crescimento sobre crescimento. O cenário é de safra maior ainda e os preços são substancialmente maiores — observa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
A perspectiva, claro, existe dentro de um cenário de normalidade — que depende do avanço da vacinação e da melhora do quadro da pandemia no país para acontecer. E deve trazer um efeito ainda mais positivo para o Rio Grande do Sul, onde o peso da agropecuária é maior do que no país (9%) e que teve em 2020 um ano de redução significativa de safra.
Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), observa que o crescimento do PIB da agropecuária em 2020 veio na esteira do aumento na produção de soja (+7%), do café (+24%) e do milho (quase 3%) e ampliou a relevância do setor na economia nacional, de 6,7% para 7,1%. Em relação ao agronegócio a previsão é de que a participação do setor no PIB total do Brasil suba de 21,4% em 2019 para 24,5% em 2020.
— Importante destacar que algumas indústrias, ligadas à agropecuária, tiveram crescimentos significativos ao longo de 2020, o que fez com que PIB brasileiro não caísse ainda mais em 2020 — completa Conchon, citando as empresas de celulose e de alimentos.
Luz acrescenta as fabricantes de máquinas que, apesar da não realização de feiras agropecuárias, em razão da covid-19, conseguiram fechar o ano com crescimento:
— Mesmo sem as feiras há dificuldade para tomar crédito e, se comprar uma máquina hoje, vai receber em alguns meses. Isso demonstra a superatividade desses setores, por causa do agro.