A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Mais do que a adoção do plantio direto, do sistema de rotação de culturas e da braquiária (forrageira), foi uma história de superação que levou a produtora de café e grãos de Jacarezinho, no interior do Paraná, Flavia Saldanha, ao pódio da 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro da Bayer nesta quarta-feira (25), durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Uma das únicas representantes da região Sul na premiação, Flavia ficou em primeiro lugar na categoria Grande Propriedade pelas suas práticas de ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa).
À coluna, já de início, ela se emocionou:
— É um sentimento de gratidão. E, ao mesmo tempo, é uma motivação para a gente, de poder inspirar mais mulheres do agro.
É que Flavia, que é engenheira agrônoma, assumiu a propriedade em 2004. Na época, ela conta, a terra tinha diversos problemas no solo e as plantações eram adensadas e pouco mecanizadas. Hoje, aos 44 anos, adotando práticas agrícolas conservacionistas como as mencionadas acima, ela obteve certificações de peso no mercado internacional, como a Rainforest. O seu cuidado minucioso com o bem-estar dos funcionários também levou a fazenda California, como é chamada, a ganhar o selo Great Place to Work. E graças a isso, a produtora exporta os seus produtos para os Estados Unidos, Japão, Austrália e alguns países da Europa.
— Mais recentemente, em 2019, nós construímos uma pequena biofábrica lá na propriedade, onde a gente faz a multiplicação de agentes biológicos, que a gente também usa bastante nas nossas lavouras. Tanto na área de soja, quanto de café — conta ainda Flavia, que tem 1,4 mil hectares plantados no total.
O prêmio Mulheres do Agro da Bayer existe desde 2018 e, até então, já reconheceu 45 produtoras rurais — com as deste ano, serão 54 — de diferentes regiões do país. A iniciativa premia projetos de mulheres produtoras rurais que envolvam ESG dentro da sua propriedade.
Nova categoria
Neste ano, há ainda uma novidade no prêmio: a categoria Ciência e Pesquisa, além das outras três — Pequena, Média e Grande Propriedade. Segundo a diretora de Comunicação da Divisão Agrícola da Bayer no Brasil, Daniela Barros, a modalidade foi criada para reconhecer a importância da pesquisa e do desenvolvimento para o agronegócio.
— A Bayer é uma empresa de ciência que investe 2,8 bilhões de euros por ano em pesquisa e desenvolvimento. Então, pra nós faz muito sentido estar ampliando esse reconhecimento para as pesquisadoras, porque a gente sabe também que é através da pesquisa que vamos trazer as soluções de inovação e sustentabilidade. E também soluções para as próprias produtoras rurais — acrescenta Daniela.
Estreando a categoria, Patricia Monquero, engenheira agrônoma que já foi presidente duas vezes da Associação Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas, foi a escolhida.
Para a pesquisadora premiada, o prêmio é R$ 15 mil para o instituto em que ela pesquisa para estimular o seu trabalho. Nas demais, é uma espécie de jornada de capacitação, com convites para viagens, palestras e eventos.
Confira as vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro 2023:
Pequena Propriedade
1º lugar - Ana Paula Curiacos - Monte Carmelo (MG)
2º lugar - Rossana Aboud - Teresina (PI)
3º lugar - Alessandra Barth - Ipiranga (PR)
Média Propriedade
1º lugar - Ingrid Graziano - Formosa (GO)
2º lugar - Claudia Araújo - Caicó (RN)
3º lugar - Cláudia Sulzbach - Balsas (MA)
Grande Propriedade
1º lugar - Flavia Saldanha - Jacarezinho (PR)
2º lugar - Maíra Coscrato - Guaíra (SP)
3º lugar - Mariana Veloso - Carmo do Paranabaíba (MG)
Ciência e Pesquisa
Patricia Monquero
A coluna viajou a São Paulo a convite da Bayer.