A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Foi com uma receita encorpada (de faturamento) que a agricultura familiar gaúcha pôde saborear os primeiros seis meses de 2023. Somente na primeira metade do ano, as agroindústrias do Rio Grande do Sul venderam quase R$ 10 milhões em feiras pelo interior do Estado, mostrando que a produção familiar não só cai no gosto, mas também amplia espaço.
Três feiras tradicionais tiveram recordes de vendas em relação às edições anteriores, com comercializações que ultrapassaram R$ 1 milhão em produtos nos pavilhões da Agricultura Familiar da Expodireto, em Não-Me-Toque, da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, e Fenadoce, em Pelotas. Foram 15 eventos realizados com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do RS, que aportou mais de R$ 1,3 milhão em feiras.
A pujança e o sucesso de público nesses espaços, segundo Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola e Agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), vêm da qualidade e da diversidade de produtos apresentados pelos agricultores.
Na Expodireto, aliás, que teve a maior cifra do semestre (R$ 2,58 milhões) e alta de 52% nas vendas, as iguarias que eram inovações de estreia se consolidaram entre as preferências. Salame de búfalo, queijo de lavanda e geleia de alho negro foram alguns dos exemplos.
— Não fosse pelas políticas de incentivo, muitas dessas agroindústrias não conseguiriam ter acesso a essa grande vitrine que são as feiras — diz Rabaioli.
Com o embalo dos números do primeiro semestre, a expectativa é de encerrar o ano com novos recordes. Principalmente pelo calendário ainda contemplar a maior exposição agropecuária do Estado, a Expointer, no fim de agosto. O pavilhão da Agricultura Familiar deve reunir mais de 350 expositores em 2023, confirmando crescimento e importância da produção familiar.
Crescimento, aliás, que deve vir com mais apoio federal. Cinco ministérios (Desenvolvimento Agrário, Saúde, Educação, Defesa, Desenvolvimento e Assistência Social) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) assinaram, na quarta-feira (19), um acordo de cooperação para impulsionar agricultura familiar.
Além de compras públicas para ampliar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o acordo prevê assistência técnica e extensão rural especializada para os agricultores familiares e ações de fomento da produção de alimentos no país. A meta é que pelo menos 30% das aquisições de alimentos por órgãos federais sejam da agricultura familiar, conforme a Conab.