A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Se no ano passado o Rio Grande do Sul colhia uma das maiores safras de canola da história, em 2023 a aposta na cultura segue alta. Inclusive, despontando entre os demais cultivos da estação, com projeção de crescimento. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola), o aumento de área é de 24% nesta safra, com expectativas “interessantes” para a produção.
— Estamos bastante felizes porque tem crescimento em relação ao ano passado. Conversando entre os produtores, projetamos uma área chegando a 105 mil hectares no RS — diz o presidente da Abrascanola, Vantuir Scarantti.
A canola é a única cultura que mostrou projeção positiva de produção na estimativa da safra de inverno da Emater, apresentada na semana passada. Mas os números da instituição são mais tímidos que os da Abrascanola. Com crescimento de 18,4% em área, a produção esperada é de 109.677 toneladas, somente 1% a mais que no ano passado, e com produtividade menor, de 14,7%, segundo a Emater.
Sobre as interferências do clima, que este ano pode ser prejudicial aos cereais de inverno devido à ocorrência de El Niño, Scarantti acredita que o efeito, se ocorrer, deve ser menos severo que no trigo, principal cultura da estação:
— Vai depender do clima, é claro. Em ano de El Niño sempre temos maior preocupação. Mas a cultura foi bem plantada, estamos bem encaminhados e neste momento a expectativa é interessante, parecida ao ano passado, quando tivemos produtividade de 1,8 mil quilos por hectare.
A produção gaúcha de canola fica no Noroeste e nas Missões, que têm as maiores áreas cultivadas, mas a expansão da cultura inclui novas lavouras nas regiões Central, Norte e Sul. O Estado concentra quase a totalidade do cultivo da planta no país. O restante das lavouras fica em Santa Catarina e no Paraná, e ainda uma pequena parte na Bahia e em Brasília, em projetos de tropicalização.
A canola tem como principais destinos a fabricação de óleo comestível e de farelo para a ração animal. Mas também há a produção de biocombustível, mercado que vem crescendo nos últimos anos.
E ainda há espaço para o mercado internacional. Em 2022, a cultura repetiu os volumes exportados no ano anterior, quando a canola estreava nos embarques para outros países. Em 2023, a expectativa é ampliar o volume, em função da expectativa de produção.
Conforme Scarantti, o mercado externo deve buscar maiores quantidades tanto do grão natura quanto do óleo e do farelo, que têm valor mais agregado. Emirados Árabes são os principais destinos, mas há possibilidade de abrir negócios com Estados Unidos e Europa.