Se o La Niña — e seus efeitos sobre o tempo, com impacto sobre a safra de verão — vai ficando para trás, a necessidade de falar sobre o assunto não se encerra com o retorno da chuva. Porque novos períodos de escassez hídrica virão, e é preciso estar com o dever de casa em dia para evitar a repetição de prejuízos. Nessa lógica, ações permanentes entram na pauta, hoje (10) e amanhã (11), de um evento que reúne secretários de Agricultura e gestores de cidades do Rio Grande do Sul.
Com 390 dos 497 municípios gaúchos com decreto de emergência, perdas que chegam a 39% só na soja e economias ligadas à produção, é essencial manter o tópico no radar.
— O tema não pode ficar para trás. Tivemos chuva na semana que passou, mas não é a solução do problema. A discussão sobre o enfrentamento da estiagem tem de ser permanente — reforça Paulinho Salerno, presidente da Famurs, entidade que realiza o evento com a Secretaria Estadual da Agricultura.
Há a expectativa de que o titular da pasta, Giovani Feltes, que tem o Avançar RS como tema, possa trazer anúncios. Como o do andamento do edital para o repasse aos municípios de R$ 66,7 milhões para a construção de poços artesianos, anunciados no ano passado. Na rubrica para açudes, 372 de 449 municípios contemplados receberam os valores. Verba de R$ 66,2 milhões. E para cisternas, são R$ 17,4 milhões. Os projetos de 218 cidades aptas e interessadas estão em análise técnica. A Agricultura contabiliza ainda mais de 350 poços desde 2021.
Entidades ligadas à produção familiar reconhecem iniciativas adotadas, mas reforçam a necessidade de maior avanço. Como a criação de financiamento com subsídio para melhorar a qualidade do solo, armazenagem de água e irrigação e subsídio do juro no crédito rural já existente. Os projetos estão em construção via Secretaria de Desenvolvimento Rural. Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, ressalta a importância de haver recursos para esses programas.
Douglas Cenci, coordenador da Fetraf, cita três eixos fundamentais: medidas estruturais para reduzir o impacto aos agricultores, ações para que possam conviver com a estiagem (irrigação, técnicas) e olhar para a questão climática, com a valorização da preservação feita.