Chegou ao fim o fenômeno La Niña, que no Rio Grande do Sul influenciou diretamente na estiagem em parte do Estado. Foram três anos consecutivos de resfriamento anômalo do Oceano Pacífico equatorial, algo que não ocorre com frequência. Agora, os meteorologistas voltam as atenções para a probabilidade de 56% de chance de formação de um El Niño a partir do próximo inverno no Hemisfério Sul.
O anúncio do fim de La Niña foi feito nesta quinta-feira (9) pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) e já vinha sendo previsto desde o início deste ano, devido às condições atmosféricas e oceânicas. Ainda que esteja confirmado o encerramento do fenômeno, não significa que a estiagem acabará no Estado de imediato. O que deve ocorrer, segundo os especialistas, é que os episódios de chuva se tornarão mais frequentes a partir de agora.
Por meio de nota, o Climate Prediction Center (CPC) destacou que as condições oceânicas e atmosféricas indicam um período de neutralidade, sem aquecimento (El Niño) ou resfriamento (La Niña) anômalo na faixa equatorial do Pacífico durante o outono, no Hemisfério Sul, e primavera, no Hemisfério Norte. Mas já há tendência para a formação de um novo El Niño ainda em 2023 em todo o planeta.
Em janeiro deste ano, as primeiras previsões sugeriam o retorno do fenômeno na primavera deste ano, no Hemisfério Sul. Agora, os modelos mais atuais indicam a possibilidade de El Niño iniciar já em julho, no meio do inverno, porque o Pacífico equatorial já está começando a aquecer.
Ao contrário da La Niña, o El Niño reforça uma maior quantidade de chuva no Sul do Brasil, com alta incidência de temporais, principalmente, durante a primavera e o início do verão. Mas cada região brasileira sofre diferentes consequências climáticas relacionadas ao fenômeno. O fato é que as temperaturas se elevam em quase todo o país e o El Niño traz condições para primaveras e verões mais quentes em relação à média histórica.
De acordo com a Climatempo, o El Niño pode durar até um ano e vem com intensidade maior do que eventos de La Niña. É como se a energia de todo um La Niña mais duradouro fosse concentrada em um período mais curto de El Niño. O La Niña não tem tanta intensidade, mas dura mais. O El Niño, por sua vez, tem intensidade moderada, por vezes forte, mas com duração menor.
Se o fenômeno se confirmar, a maior preocupação dos cientistas é o aumento da temperatura média anual da Terra em 1,5°C. Até agora, os gases de efeito estufa emitidos pelas atividades humanas elevaram a temperatura média global em cerca de 1,2°C, trazendo impactos catastróficos em diferentes partes do mundo, desde ondas de calor intenso a inundações devastadoras.