A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Embora a colheita da soja no Rio Grande do Sul tenha conseguido ultrapassar a metade da área de cultivo, depois de outro verão de estragos e atraso no plantio devido à estiagem, a produtividade das lavouras ainda é ponto de preocupação entre os agricultores. Quadro que, a essa altura do ciclo, já não se reverte mais.
Assessor da Diretoria Técnica da Emater, Elder Dal Prá reforça que o cenário ainda é reflexo da falta de chuvas. Quando os dados finais da safra foram previamente apresentados na Expodireto, em março, boa parte do cultivo ainda estava em desenvolvimento no Estado. Na ocasião, o corpo técnico da Emater apontava para quebra de 31% na produção da oleaginosa. Quase dois meses depois, restando cerca de 20 dias para o encerramento da colheita, pouca coisa mudou no cenário.
— É um quadro que não se reverte mais, infelizmente. É só questão de computar os prejuízos e de identificar o tamanho do dano — atesta Dal Prá.
O Rio Grande do Sul é o que mais tem área a colher entre os Estados brasileiros que ainda estão colhendo a soja. Segundo a Emater, o percentual alcançou 54% das lavouras na semana passada. No país, a colheita do grão chegou a 92% da área cultivada no ciclo 2022/2023.
Além do mais atrasado, o Estado é também o único que colhe prejuízos. As demais regiões produtoras não sofreram com a estiagem, motivo pelo qual os números nacionais da safra reforçam recorde de produção no país, apesar das perdas gaúchas na conta.
— Viemos falando durante toda a safra que tivemos uma característica de chuvas muito heterogêneas. É uma preocupação maior nas regiões onde a seca pegou mais forte. Mas quando falamos de Estados, os números que se apresentam são reflexo disso e um alerta para todos — diz o assessor técnico.