Foi um café da manhã diferente, com o leite (e seus derivados) ganhando o protagonismo à mesa e nos discursos do lançamento da 44ª Expoleite e 17ª Fenasul, realizado no parque Assis Brasil, em Esteio, nesta quarta-feira (3). Os eventos simultâneos ocorrem de 17 a 21 de maio e têm entrada gratuita. Durante a apresentação oficial, os desafios inerentes à produção também entraram no cardápio. E o secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat-RS), Darlan Palharini, falou sobre a necessidade de que os cerca de R$ 30 milhões do Fundo Estadual do Leite (Fundoleite) possam ser acessados, para ações de fomento da cadeia.
— Precisamos resolver esse problema. A Argentina liberou R$ 300 milhões para o setor de lácteos — pontuou, sobre o país vizinho, de onde o Brasil traz parte das importações do produto.
Ao se manifestar, logo depois, o secretário da Agricultura, Giovani Feltes, falou sobre o assunto. Ele explicou que os projetos aprovados precisam passar por trâmites burocráticos, mas que já está sendo feita a análise jurídica. A questão foi levada à Casa Civil, e, conforme Feltes, agora é preciso aguardar.
Criado em 2013, o Fundoleite é formado por arrecadação compulsória, de partes iguais, entre Estado e indústrias. Inicialmente, os repasses eram feitos com o Instituto Gaúcho do Leite (IGL), mediante a celebração de convênio com a Secretaria da Agricultura. Em 2016, o acordo não foi mais renovado. E em 2021, o acesso ganhou um novo modelo de distribuição: 70% do arrecadado passou a ser destinado para projetos na área de assistência técnica de produtores de leite, outros 20% para apoio e desenvolvimento do setor e 10% para custeio de atividade administrativa.
A crise enfrentada pelo setor de lácteos apareceu em outras falas na cerimônia de lançamento. Presidente da Associação de Criadores de Gado Holandês (Gadolando), Marcos Tang lembrou que são três anos de condições climáticas adversas:
— O grande desafio do produtor (de leite) é produzir alimento (para o gado). Temos de otimizar o uso das pastagens, porque os silos estão quase vazios.
Representando a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag-RS), o engenheiro agrônomo Kaliton Prestes disse que é preciso avançar para a colheita de três safras em um ano também na pecuária de leite. Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), destacou que o Brasil é hoje o terceiro maior produtor de lácteos, com a atividade presente em 98% dos municípios brasileiros, acrescentando que é preciso, no entanto, ganhar competitividade. E que é preciso olhar com atenção, entre outras coisas, para os acordos comerciais para além do bloco do Mercosul.
— A Expoleite e a Fenasul trazem o que há de melhor na genética, que é um dos pilares da competitividade — acrescentou.
Vice-presidente técnico da Gadolando, José Ernesto Ferreira lembrou que a exposição traz, além de uma disputa saudável, onde se vê a qualidade dos animais perante outros produtores, a possibilidade de que o produtor fique atualizado, faça melhoramento genético e, assim, tenha eficiência melhor na atividade.
— E tem a aproximação do público urbano com o do campo.
Saiba mais
- A 44ª Expoleite e 17ª Fenasul ocorrem de 17 a 21 de maio, no parque Assis Brasil, em Esteio
- A entrada no local é gratuita
- Além das duas exposições, há ainda a Multifeira de Esteio, que terá mais de 200 expositores, a primeira feira de cutelaria, espaço de inovação e programação cultural, com shows em todas as noites
- Há ainda o rodeio artístico de Esteio
- A agricultura familiar também marca presença, com 32 empreendimentos
- Neste ano, será retomada a Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas, marcada para o dia 17 de maio