A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
As notícias sobre escassez de ovos de galinha em vários países do mundo neste começo de ano logo voltaram o olhar para o mercado nacional. Afinal, pode faltar ovo no Brasil?
A falta do produto tem sido relatada por consumidores em locais como Los Angeles, nos Estados Unidos, Londres, na Inglaterra, e Lisboa, em Portugal. Nos Estados Unidos, a falta do produto se deve principalmente à gripe aviária, que levou à morte de milhões de aves poedeiras. O mesmo problema tem sido enfrentado pelo Japão. Na Europa, além da doença, os custos pressionados pela guerra tem sido responsáveis pela redução da produção.
No Brasil, as entidades que representam o setor garantem que não há risco de desabastecimento. A preocupação é em relação ao preço. Ainda sofrendo efeitos da estiagem que reduziu a produção de milho, que compõe a alimentação das aves, os ovos de galinha ficaram mais caros nos últimos meses. Apesar disso, a oferta está garantida.
— Nunca tivemos influenza aviária e continuamos a não ter. A produção teve uma pequena diminuição quando começou a grande crise do milho e a pandemia, mas o número ainda é mais do que 1,3 mil ovos por segundo. O Brasil tem uma produção consistente, bastante estabelecida e não vai faltar ovo para o brasileiro de maneira nenhuma — tranquiliza Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho do Instituto Ovos Brasil.
A escassez global pode demandar o produto brasileiro internacionalmente, recuperando parte das vendas ao exterior, que tiveram queda no ano passado. Em 2022, as exportações brasileiras de ovos totalizaram 9,474 mil toneladas, volume 16,5% menor que o ano anterior.
— Mesmo com uma pequena diminuição da produção, o Brasil tem boa disponibilidade de produtos no mercado interno. E existe a possibilidade de aumentar as exportações. O Brasil deverá ser chamado a complementar mercados do Japão, para o qual já vendemos, mercados do México que abriram agora, e outros que deverão ser potencializados — projeta Santin.
Os Emirados Árabes Unidos são o principal importador da proteína brasileira. Em 2022, importaram 4,453 mil toneladas. Mas o destaque do ano foi o Catar, sede da Copa do Mundo, que importou 1,107 mil toneladas e ocupou a segunda posição no ranking.