Foi sentindo no bolso a falta de chuva e a oscilação dos preços de adubo no Rio Grande do Sul que um produtor gaúcho decidiu desenvolver uma solução simples, mas inovadora para a sua horta. Criou um vaso que reduz o desperdício de água e nutrientes em até 40%. No próximo mês, Márcio Gonçalves, de Feliz, comemora um ano do empreendedorismo, com mais de 45 mil vasos vendidos pelo país.
— Sabe quando tu começas a te questionar os caminhos que a agricultura está tomando? Foi aí que me deu o estalo — conta o produtor, que hoje atua dentro e fora do balcão.
A semente da ideia germinou na primeira edição do Juntos Para Competir do Sebrae-RS, em parceria com a prefeitura municipal, há cinco anos. E foi questão de tempo para aperfeiçoá-la e torná-la um negócio, junto com o apoio das instituições. Hoje, a empresa Federal Agro, criada por Gonçalves para vender o Vaso Pleno, como é chamado o produto, produz até 4 mil unidades por mês e tem e-commerce.
O funcionamento do vaso é bastante simples. Ele armazena o substrato, que absorve os nutrientes e a água que ali foram despejados. O que evita o desperdício é justamente a sua base, uma reserva técnica que tem contato direto com o vaso – e com outros. Dessa forma, um excedente pode ser transportado para o vaso ao lado, por meio da absorção das raízes.
— Não foi algo extraterrestre, de outro lugar (a criação do produto). Era bastante óbvio, na verdade. E tem tanta eficiência que até se admira não estar ligado em uma tomada — afirma ainda, acrescentando que, ao evitar desperdício, o vaso acaba aumento de produtividade das hortas.
Além das vendas aos consumidores, Gonçalves chamou a atenção de prefeituras gaúchas. Neste mês, a prefeitura de Feliz, por exemplo, lançou o Programa Renova Plantio, que doou 11 mil unidades do vaso para 55 produtores rurais selecionados. A ideia foi incentivar o cultivo de morangos e outras variedades de hortigranjeiros em estufas.
*Colaborou Carolina Pastl