O resultado do estudo conduzido pelo Ministério de Infraestrutura e Gestão de Água da Holanda e pelo Holland Circular Hotspot serve como alerta para o período do ano em que a comida ganha lugar de destaque nas comemorações. Um terço da comida produzida no mundo é perdida ou desperdiçada, segundo o levantamento Gestão de Resíduos como Catalisador de uma Economia Circular, ao mesmo tempo que 811 milhões de pessoas passam fome. Outro dado que impressiona é que esse desperdício gera de perda financeira: US$ 1 trilhão anualmente.
O relatório mostra que os problemas com resíduos vão muito além da mesa, incluindo, por exemplo, o lixo eletrônico, que deverá crescer 38% entre 2019 e 2030 e que tem um baixo percentual, 17,4%, arrecadado e reciclado. As soluções para essas questões passam por ações de cada um nós. Pensando nisso, a coluna ouviu especialistas que trabalham com nutrição e iniciativas que buscam dar destinação a alimentos que seriam colocados fora para saber como você pode fazer a sua parte para evitar o desperdício. Principalmente na ceia de Natal de Ano Novo.
A dica número 1 da nutricionista Marjana Teresinha de Mattos Favin, instrutora do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) é: planejamento.
— É importante organizar o cardápio semanal, vendo o que vai consumir em cada refeição, dessa forma, fará compras inteligentes, adquirindo somente o necessário — ensina Marjana.
Feito o cardápio, é hora de montar a lista de compras, tendo por base o que será preparado e os itens disponíveis em casa. No caso específico das refeições das festas, outra dica é ter a lista de pessoas que participarão da ceia, o que ajuda a medir quantidades necessárias.
Se ainda assim a comida preparada ficar além da conta, é possível investir no reaproveitamento de alimentos. A nutricionista aponta três formas de usar o arroz "sobrado": pode virar bolinho, arroz de forno ou massa para pizza (com a vantagem de ser sem glúten). Usar todo o alimento (folhas e aparas) também é uma ferramenta para driblar o descarte.
— A gente precisa evitar o desperdício para a economia familiar e também aproveitar ao máximo todos os nutrientes — reforça a instrutora do Senar-RS.
Na Centrais de Abastecimento de Estado (Ceasa-RS), coração da comercialização dos hortigranjeiros do Estado, os alimentos não comercializados viram doações para entidades assistenciais e para famílias carentes. Só em novembro, foram 99,46 mil quilos doados pelos permissionários para o Banco de Alimentos, que fez 988 atendimentos. Desse total, 57,25 mil quilos de frutas, verduras e legumes foram doados para 113 entidades cadastradas.
Outros 17,88 mil quilos foram destinados a famílias de baixa renda cadastradas. E mais 22,29 mil quilos, considerados impróprios para consumo humano, foram destinados à ração animal em comunidades terapêuticas.
— Existem programas sociais em todas as Ceasas do Brasil. Em Porto Alegre, captamos alimentos que produtores e comerciantes não venderam ou com oferta elevada, em razão da safra. Esse produto doado passa todo por triagem — explica Ailton dos Santos Machado, presidente da Ceasa-RS.