O que começou como gosto, a partir de um ritual familiar, virou uma profissão para Denize Cardoso Vogg, instrutora do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Estado (Senar-RS). Assim como em casa, quando o preparo das refeições incluía bem mais do que cozinhar, os cursos ministrados por ela para mulheres do meio rural são espaços de formação e interação. Sempre em busca de atualização, a técnica em Nutrição e Dietética e tecnóloga em Segurança Alimentar faz, neste momento, uma pós em Gastronomia Natural e Funcional. E, nesta entrevista, divide um pouco das suas receitas profissionais. Confira trechos.
Hoje você é instrutora do Senar-RS. Antes disso, tinha relação com o meio rural?
Sou de Rio Pardo, mas morei em várias cidades em razão da profissão do meu pai. Em 1982, fui morar em Pantano Grande. Casei e fiquei 11 anos morando em uma fazenda. Depois, voltei para Rio Pardo e me mudei para Porto Alegre Foi onde fiz o ensino técnico em Nutrição e Dietética, no Instituto de Cardiologia. Depois, voltei para o Interior e mantive uma cozinha de congelados. Há sete anos estou no Senar-RS, como instrutora. Meu marido é produtor (de arroz e soja) e minha filha é médica veterinária. E eu gosto da horta, do pomar. Sempre busco frutas diferentes.
Como é a rotina de trabalho e quais os focos dos cursos?
Trabalho em torno de 70% no Interior. São seis cursos: panificação caseira, aproveitamento integral de alimentos, tortas e docinhos caseiros, bolachas e salgados caseiros, produção de alimentos à base de arroz e derivados e de mandioca e derivados. Nossa função como instrutor é levar não só o que tem na apostila, mas também buscar cursos novos, e sempre pensando na saúde, na nutrição. Aproveito para falar da higiene (dos alimentos), do lixo, da parte de ambiente. Os cursos entram na parte social também. Dão impulso para quem quer ajudar na renda familiar. Procuro deixá-los o mais leves possível.
Se tivesse de dar dicas básicas sobre como aproveitar melhor alimentos, quais seriam?
É possível fazer o pão, por exemplo, utilizando itens com casca, como cenoura e moranga cabiotá. Outra dica é em relação às frutas, que podem ser aproveitadas como suco. Uma banana, por exemplo, que está passando do ponto, serve para fazer suco, bolo, etc. Outra coisa é fazer exatamente o que vai comer no momento, para não sobrar. Tudo que puder ser feito na hora, é melhor. E, sempre que possível, fazer o próprio lanche, de preferência se tiver a própria horta.
Sempre teve gosto pela preparação de alimentos?
Minha mãe tinha uma mão muito boa, fazia massa da lasanha, macarrão. E ela nos passou esse gosto. Com 10, 12 anos gostava de fazer sopa, pastel, cachorro quente, fazíamos tudo juntas, minha irmã também. Tínhamos esse gosto em fazer a comida.
O que é preciso para ser um bom profissional nessa área?
Estar sempre buscando formação, qualidade, nunca parar de se atualizar. Renovo meu curso de boas práticas em serviços de alimentação de dois em dois anos. É tudo muito rápido, qualquer informação, receita, tu achas na internet, mas nada como fazer um curso, colocar a mão na massa, ter alguém que diga o que funciona e o que não funciona. E ter o apoio da família. O principal é estar sempre buscando e não se fechar para o mundo.