Presença constante nas feiras agropecuárias, as máquinas autônomas começam a ganhar espaço também na "linha de produção" do setor. Um exemplo vem da Tropical Melhoramento & Genética (TMG), que está contando com a ajuda de "robô" para o trabalho desenvolvido em laboratório. O uso da tecnologia tem ajudado no aprimoramento de cultivares de algodão, soja e milho, porque possibilita acelerar toda a análise de DNA das plantas e, consequentemente, o desenvolvimento de produtos melhorados — mais resistentes a certas doenças, por exemplo.
— O principal ganho é em escala, velocidade e precisão. Neste ano, conseguimos fazer 50 milhões de análises a partir de 2 a 3 milhões de amostras. O que seria inviável se fosse manualmente — resume a gerente de pesquisa da TMG, Adriana Polizel.
A automação na empresa está, principalmente, na mistura de líquidos, continua Adriana. Isso porque, para extrair o DNA de uma planta para fazer a análise, é preciso diluir a amostra — que normalmente é um tecido foliar — em diferentes soluções. Nessa primeira etapa, o "robô" tem uma espécie de braço mecânico que acrescenta os líquidos aos recipientes, até que seja obtido o DNA “puro”. Depois, é transferido para outra máquina, onde é multiplicado, a partir de reações, para uma melhor visualização.
— (Nesse momento,) por meio do uso de marcadores moleculares, é possível verificar se a planta apresenta genes que asseguram a resistência a determinadas doenças ou condições de clima, por exemplo — completa a coordenadora do laboratório, Andressa Patera.
E, assim, passam a ser selecionadas aquelas que têm determinadas características de interesse à empresa para, depois, vender a multiplicadores de sementes, que comercializam para os produtores rurais.
Antes, esse tipo de análise era feito visualmente: se selecionava a partir das características visíveis a olho nu. Hoje, a empresa conta com mais de 10 robôs no laboratório para análises de DNA. E os avanços não devem parar por aí, já que, no ano passado, a TMG recebeu um investimento de R$ 15 milhões para elevar a capacidade de trabalho.
*Colaborou Carolina Pastl