Apesar do prejuízo causado pela estiagem na safra de verão, as cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul devem fechar o ano com um faturamento semelhante ao do ano passado. Com base nos dados até outubro, a Fecoagro-RS projeta uma receita de R$ 32,7 bilhões para 2022, ante R$ 32,9 bilhões em 2021. E o que fez com que se chegasse a esse resultado, mesmo com uma perda média de 54,3% na produção de soja, principal cultura da estação? Entre os fatores que ajudam a explicar estão aumento na fatia de participação em outros produtos, escala, investimento e também parte do trigo colhido no inverno que já está negociado.
— Foi um ano com frustação no verão e supersafra no trigo. Tivemos estiagem no milho e na soja, uma das mais graves na história da agricultura contemporânea. Isso afetou produtores e, como consequência, as cooperativas. O trigo foi o fato positivo. Apesar da perda que teve, o produtor teve resiliência, acreditou na cultura — avaliou Paulo Pires, presidente da Fecoagro-RS, sobre o panorama geral do ano.
O dirigente estima que, na média, entre 30% e 40% do trigo recebido nas cooperativas já foi contratado. E como há agilidade no envio ao porto, para aproveitar a janela da exportação, esse volume entrará ainda na receita de 2022. Aliás, a preocupação com a comercialização, como havia destacado a coluna, é um ponto de preocupação. Mas essa é apenas uma parcela do que contribuiu para o resultado. Pires cita ainda o aumento da participação das cooperativas na venda de insumos e a escala que o segmento vem dando a todas as suas áreas de atuação, além dos investimentos constantes feitos.
— Também imaginávamos que haveria redução (no faturamento). Na cooperativa que atuo, tivemos diminuição de mais de 60% no recebimento da produção de soja, mas apenas de 10% no faturamento — pondera o também presidente da Coopatrigo, de São Luiz Gonzaga.
Nas sobras, ou seja, o valor que é compartilhado entre os associados, deve haver aumento de 6,7% em relação a 2021. Já a margem bruta cresceu 8%, e a líquida, 9%. Diferença explicada pela elevação dos custos.