Matematicamente encerrada, a colheita de trigo no Estado – alcançou 98% da área total – confirma um recorde de volume. A dúvida, no momento, está apenas no tamanho exato da produção histórica.
No levantamento divulgado nesta quinta-feira (8), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), revisou para cima os dados da safra, para 4,75 milhões de toneladas. O IBGE aposta em 4,8 milhões de toneladas e a Emater, que também ajustou a estimativa, aponta 4,97 milhões de toneladas colhidas.
Na avaliação do superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, Carlos Bestétti, a alteração dessas estimativas para cima vieram em boa hora:
— O Brasil precisa importar cerca de 6 milhões de toneladas de trigo, boa parte da Argentina. Só que o país vizinho colheu pouco neste ano. E o trigo no Estado está em alta qualidade, enquanto, no Paraná, está baixíssima – observa o dirigente, sobre a safra gaúcha.
O resultado farto, combinado com bom preço, ajuda amenizar o prejuízo bilionário acumulado no verão, em razão da estiagem.
Um olho no inverno e outro no verão
O novo levantamento da Conab também trouxe dados da safra de verão. E já indicam uma preocupação com o fenômeno La Niña. Tanto que a projeção da safra de grãos 2022/2023 foi reajustada para baixo, de 313 milhões para 312,2 milhões de toneladas.
Por esse mesmo motivo, a evolução do plantio dessas culturas vive um “leve atraso”, na avaliação da Conab. No Rio Grande do Sul, 81% dos quase 6,6 milhões de hectares previstos pela Emater com soja foram semeados, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 88%.
— Essa cautela dos produtores é natural em um cenário climático que apresenta excesso de chuvas e baixas temperaturas — explica o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.
*Colaborou Carolina Pastl