O fenômeno climático La Niña, que afeta as temperaturas globais e agrava secas e inundações, pode durar até o final do ano e ter uma duração sem precedentes para este século, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (31).
O prolongado fenômeno La Niña provavelmente se tornará o primeiro "evento triplo" deste século, abrangendo três verões consecutivos no Hemisfério Sul (invernos no Hemisfério Norte), aponta um boletim divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
— É excepcional que um episódio de La Niña continue por três anos consecutivos — comentou o secretário-geral da OMM, o finlandês Petteri Taalas.
Se confirmado, seria a terceira vez desde 1950 que esse fenômeno é observado durante três invernos consecutivos, de acordo com a OMM.
O boletim aponta que o atual fenômeno La Niña, que começou em setembro de 2020, continuará pelos próximos seis meses.
A probabilidade dessa previsão é de 70% para os meses de setembro a novembro e depois cai gradativamente para 55% para o período de dezembro a fevereiro de 2023, segundo a agência da ONU.
La Niña é um fenômeno que produz resfriamento em grande escala das águas superficiais nas partes central e leste do Pacífico equatorial.
O fenômeno tem grandes repercussões no clima (precipitação, ventos) em todo o mundo, ao contrário do fenômeno El Niño, que tem efeito de aquecimento nas temperaturas globais.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, o fenômeno atual foi intensificado pelo fortalecimento dos ventos alísios entre meados de julho e meados de agosto de 2022, que alterou os padrões de temperatura e precipitação e agravou secas e inundações em diferentes partes do mundo.
— A exacerbação da seca na região do Chifre da África e no sul da América do Sul traz a marca registrada do La Niña, assim como as chuvas acima da média observadas no sudeste da Ásia e na Austrália — disse Taalas.
— Infelizmente, os dados mais recentes sobre La Niña confirmam as projeções climáticas regionais que apontavam para um agravamento da devastadora seca no Chifre da África, cujas consequências já afetam milhões de pessoas — acrescentou.
El Niño e La Niña são determinantes importantes do sistema climático da Terra, mas não são os únicos.
* AFP