Quase três décadas antes da pandemia, que tornou conhecida a testagem molecular em razão do PCR, usado no diagnóstico da doença, o biólogo e mestre em Microbiologia Agrícola e do Ambiente André Fonseca já usava a metodologia como ferramenta de trabalho. No caso, para a identificação de patógenos de animais nos laboratórios da recém criada Simbios Biotecnologia. A empresa foi fundada com dois colegas de universidade, os engenheiros agrônomos Nilo Ikuta e Vagner Ricardo Lunge, fazendo deles pioneiros no ramo. Em entrevista à coluna, Fonseca contou um pouco dessa história. Leia abaixo trechos.
Como foi o processo de escolha e formação profissional?
Nasci em São Paulo e vivi lá até 1975, quando meu pai foi transferido para o RS. Ele representava uma empresa do agro, trabalhava no setor de bovinocultura. Na minha adolescência, ajudava ele, fui aprendendo as primeiras práticas no dia a dia do mundo corporativo. Entrei na universidade com a intenção de ser professor pesquisador. Escolhi a Biologia pensando na perspectiva de continuar estudos. Quando concluí o curso, estava iniciando uma pós na UFRGS, relacionada à Microbiologia Agrícola e Ambiental. Fiz e no final, fui chamado pelo Centro de Biotecnologia para desenvolver projetos de aplicação industrial. Saí do mestrado com bolsa do CNPq de desenvolvimento tecnológico e industrial.
Foi nesse momento que surgiu a ideia da empresa?
Ainda em curso com essa bolsa, tivemos estímulo do professor Homero Dewes para construir o que seria o embrião de um processo de incubação tecnológica. Com essa provocação, nossa primeira reflexão foi descobrir qual o escopo (de atuação). Fizemos um estudo, dirigido e focado. Me juntei com mais dois outros jovens na época, um começando doutorado e outro finalizando mestrado e começando doutorado. Cada um trouxe uma vivência.
Por que a biologia molecular?
Uma das metodologias de maior destaque (em 1993, ano da criação da empresa), era a da reação em cadeia de polimerase (PCR), apontava como um divisor de água como metodologia para diagnóstico. Com uma série de aplicações e desenvolvimento de tecnologia, panoramas de avanço, que começaram com a saúde humana. As principais doenças, relacionadas principalmente à virologia, recebiam seu foco de diagnóstico molecular pela tecnologia de PCR. Nas últimas décadas do milênio anterior e nas primeiras desse, vimos uma progressão geométrica dessa aplicação. Primeiro, na saúde humana, depois humana e alimentos e, depois, com saúde animal também.
E quais são as aplicações na área de saúde animal?
Para diagnóstico, existem técnicas de cultivo, sorológicas e moleculares. As moleculares têm a virtude da especificidade e da sensibilidade, mesmo em concentrações pequenas, você consegue enxergar. Nos tornamos pioneiros nessa aplicação. Boa parte dos agentes patógenos da avicultura, suinocultura e da bovinocultura hoje têm um método de diagnóstico de biologia molecular para um teste confirmatório.
Quem busca o diagnóstico, quais são os clientes da empresa?
Atendemos principalmente agroindústrias de carne, na avicultura, suinocultura, piscicultura e linha pet. Também damos o suporte à vacinação autógena.