Um apetrecho acoplado ao corpo de um touro chamou a atenção no parque Assis Brasil, em Esteio. Era um arreio diferente, que materializa um protocolo desenvolvido por pesquisadores gaúchos na busca por um rebanho que possa combinar eficiência alimentar, ganho de peso e redução na emissão do gás metano.
A Prova de Emissão de Gases (PEG), como foi batizada, está sendo testada pelas mãos da Embrapa Pecuária Sul e será oficialmente lançada nesta quinta-feir (01) na Expointer. Da cerimônia participam o presidente da empresa, Celso Moretti, e o ministro da Agricultura, Marcos Montes.
— A gente quer diminuir as emissões dos bovinos por meio da seleção genética, multiplicando os exemplares que emitem menos gases. As estratégias de alimentação também podem diminuir as emissões — ressalta Fernando Cardoso, chefe da Embrapa Pecuária Sul.
Ele ressalta, ainda, o saldo positivo da própria atividade:
— Em 10 anos, o metano emitido é convertido em CO2. As plantas (pastagens) captam da atmosfera e armazenam no solo, o que dá esse balanço.
A prova de emissão é o primeiro passo nessa direção. E foi conduzida após a prova de eficiência alimentar com quatro raças: angus, braford, charolês e hereford. O protocolo elaborado utiliza a técnica do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6). E é aí que entra o arreio visto no parque. O caninho que sai das narinas do animal vai para dentro de um tubo de alumínio, que está no lombo do animal. É nesse recipiente que serão armazenados o arroto (de onde provêm entre 90% e 95% das emissões) e a respiração do boi. Esse material é encaminhado para a análise de laboratório.
— Queremos correlacionar com o resultado da prova de eficiência alimentar, para verificar se os mais eficientes também são os que menos emitem metano. E sabemos da correlação genética, queremos desenvolver linhagens que produzam menos metano — reforça Mateus Pivato, gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus.