O tamanho exato da fatia que o Brasil terá de “servir” para que a meta global de reduzir em 30% a emissão de metano até 2030 ainda será mensurado. A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), será a hora de preparar a receita para ajustar o pedaço no “bolo” dos mais de cem signatários do compromisso.
– Cada país verificará o seu balanço de emissões e apresentará a parte lhe cabe nessa meta – esclareceu Fernando Silveira Camargo, secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, desde Glasgow, onde o pavilhão do Brasil teve nesta segunda-feira o Dia do Agronegócio.
O setor tem papel importante, com uma equação que passa pela atividade agropecuária – mas não exclusivamente por ela, importante lembrar. São técnicas que permitam aos ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) uma digestão mais fácil, o que resulta em menor emissão de metano.
Presidente da Embrapa, Celso Moretti explicou que a pesquisa atua em três frentes. A primeira é a do melhoramento genético das pastagens, para que possam ser melhor digeridas. O segundo, o dos animais, de forma a viabilizar a redução do da idade de abate – com menos tempo no campo, há menor emissão de metano. A terceira premissa é a do uso dos aditivos na alimentação. Há estudos com o uso de taninos e óleos essenciais, facilitadores da digestão animal.
Na unidade da Embrapa Pecuária Sul, que fica em Bagé, na Campanha, há projeto de pesquisa para uso da torta de azeitona – resíduo do processamento do azeite de oliva – como aditivo. Além de reduzir a ruminação (e a emissão), seria uma forma de as agroindústrias eliminarem esse passivo.
Em sua fala em Glasgow, Muni Lourenço, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destacou o avanço da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que ajuda na equação climática. Em duas décadas, a área com uso desse sistema cresceu de 2 milhões para cerca de 20 milhões de hectares .
– Além da redução, o Brasil pode atuar na compensação – reforçou Moretti.
Para tudo isso, é preciso recursos. No cobertor curto do orçamento público, que já não consegue mais atender a toda a demanda do setor, o crédito agrícola se direciona para ações que promovam a Agricultura de Baixo Carbono.
– Tenho certeza de que o Plano Safra do ano que vem será absolutamente verde. Vamos nos organizar para fazer com que esse recurso não falte lá na ponta – disse Camargo.