Diante do descompasso entre demanda e orçamento, o governo federal já sinalizava a necessidade de fazer escolhas e de elencar prioridades no novo Plano Safra, que ficaram evidentes no anúncio das diretrizes do crédito rural para o ciclo 2021/2022. De forma geral, cresceu o montante de recursos — os R$ 251,2 bilhões são 6,3% ou R$ 14,9 bilhões a mais do que no pacote anterior — e houve aumento da taxa de juros, em linha com os reajustes da Selic.
— Inevitável uma elevação da taxa de juro. A gente conseguiu que não fosse uma elevação muito acentuada. Aí, já começa a mostrar claramente o apoio incondicional à agricultura familiar — pontuou, na apresentação, Wilson Vaz de Araújo, diretor do Departamento de Crédito e Informação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Ele reforça nessa fala uma das prioridades no Plano Safra: a agricultura familiar. Embora as linhas voltadas ao segmento tenham tido ajuste de 10% no juro, com as taxas do Pronaf ficando entre 3,5% e 4,5o, o valor destinado ao segmento cresceu acima do total do pacote. Os R$ 39,3 bilhões representam 19% a mais do que no ciclo passado. Outro ponto que era reivindicado, a ampliação do teto de financiamento e da renda para encaixe no programa, vieram.
Há de se considerar, é claro, que o aumento de cifras não é sinônimo de maior abrangência de atendimento. O custo de produção subiu e itens como máquinas agrícolas estão mais caros.
Outra atenção especial está nos financiamentos do programa da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que terá o dobro de recursos disponibilizados em relação ao Plano Safra anterior, somando R$ 5 bilhões. Sistemas de geração de energia renovável, possibilidade de financiar fábricas de bioinsumos e crédito para a geração de energia a partir de biogás e biometano são novidades que reforçam esse escopo.
— Nas próximas décadas, a produção agrícola mundial deverá crescer em sintonia com a conservação, porém sem descuidar dos ganhos de produtividade e inclusão social. Graças à ciência e inovação, o Brasil será protagonista desse processo, não tenho dúvidas — reforçou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Uma das surpresas do Plano Safra foi o valor destino à subvenção do seguro rural, que ficou em R$ 1 bilhão. A quantia é muito parecida com a efetivamente liberada no ciclo anterior e aquém do que era esperado. Aproveitando a presença do ministro Paulo Guedes, da Economia, Tereza Cristina se disse inconformada e prometeu que "ainda vamos trabalhar para conseguir um dinheirinho para o seguro rural".