Há um longo caminho entre o compromisso assumido e a prática consolidada, mas ações (e cifras) anunciadas em meio à Conferência do ONU sobre Mudança Climática (COP26) são importantes à medida que prometem delimitar com mais clareza o trajeto a ser percorrido. Saber onde se quer chegar, na companhia de quem o trajeto será feito e os recursos disponíveis traz segurança à caminhada. É nesse cenário que se encaixa o compromisso assumido por gigantes do agronegócio em estabelecer um "roteiro" para o setor, a ser apresentado na COP27, com o objetivo de conter o aquecimento global.
A declaração conjunta, que foi articulada pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido, tem 10 companhias que são expoentes em suas atividades e presentes no território brasileiro (ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, Golden Agri-Resources, JBS, Louis Dreyfus Company, Olam, Wilmar e Viterra).
Em nota, a JBS reforçou que está empenhada no cumprimento da meta estabelecida em março deste ano para se tornar net zero (zerar o balanço líquido de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa) até 2040. O CEO global da marca, Gilberto Tomazoni, acrescentou: "Mas não só. Trabalharemos em conjunto com os pequenos produtores para apoiá-los nessa nova revolução verde".
Fornecedores da marca já são monitorados por imagens de satélites em critérios socioambientais. E, a partir de 2025, só comprará de fornecedores via Plataforma Pecuária Transparente.
– O exemplo é uma resposta ao mercado, que quer alimentos produzidos em cima de um desenvolvimento sustentável – avalia Domingos Lopes Velho, coordenador da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O dirigente entende que esse e outros compromissos, como o do Brasil e de mais de cem países em reduzir as emissões de metano e o desmatamento, evidenciam alinhamento na busca da solução e no enfrentamento do problema. E terão um efeito multiplicador:
– Nada mais é do que já fazemos. Só que temos de mudar o discurso, mostrando que fazemos com qualidade. E onde tivermos problemas, devemos trabalhar com a ciência para fazer o enfrentamento técnico.