Sem a presença do presidente Jair Bolsonaro, que está no norte da Itália, na terra de seus antepassados, o Brasil iniciou sua participação no Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP26, que ocorre em Glasgow, na Escócia. O país foi representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que apresentou uma nova meta de redução de emissões de gases estufa em um vídeo — ele está no Brasil.
— Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26 — afirmou Leite em seu discurso de apresentação fora da mesa principal do evento.
O ministro do Meio Ambiente falou apenas em porcentagens e não apresentou de quanto deverá ser a redução real nas emissões já para essa década. A emissão de gases estufa e o cumprimento das metas do Acordo de Paris serão discutidas durante os encontros da conferência do clima, que reúne cerca de 200 países em Glasgow, na Escócia. Leite defendeu que Estados mais ricos sejam "mais ambiciosos" em suas metas para reduzir a poluição atmosférica.
Já o presidente Bolsonaro, que teve vídeo gravado transmitido, destacou a necessidade de esforços para a conservação da floresta e para a criação de "empregos verdes".
— No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema — disse Bolsonaro, citando o programa de Crescimento Verde, anunciado em outubro.
Na contramão dos demais países, o Brasil teve aumento de 9,5% nas emissões de gases poluentes em 2020, em plena pandemia de covid-19, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Já a média global de emissões sofreu uma redução de 7%, por causa das paralisações de voos, indústrias e serviços ao longo do ano passado.
O estudo aponta que esse é o maior montante de emissões desde 2006 e justifica a alta no desmatamento na Amazônia, juntamente com as queimadas, como responsável pela porcentagem elevada.
Na Itália desde a última sexta-feira (29), Bolsonaro vem sendo alvo de protestos de organizações ambientais, que criticam a sua postura nos cuidados ao ambiente, principalmente à preservação da Amazônia. O vice-presidente Hamilton Mourão chegou a dizer que Bolsonaro não iria à COP 26 pois seria apedrejado.
Uma das manifestações aconteceu em Anguillara Veneta, no norte da Itália, onde Bolsonaro recebeu nesta segunda o título de cidadão honorário da cidade. Um bisavô do presidente nasceu na localidade. Ativistas picharam a fachada do prédio e jogaram esterco na prefeitura da cidadezinha de quatro mil habitantes, em um ato contra o presidente brasileiro. Manifestações favoráveis a Bolsonaro também foram registradas no local.