Há mais do que obrigações inseridas nas metas traçadas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). Entre compromissos que tentam frear o aquecimento global e reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa estão também oportunidades.
Muitas carecem de parâmetros universais, para delimitar demanda, oferta e preço, como no mercado de crédito carbono. O tema está na pauta dos debates em Glasgow, com expectativa de que se possa gerar algum tipo de alinhamento para o mercado mundial. E é de grande relevância para o Brasil.
Assim como na produção mundial de alimentos, o país tem um terreno fértil para iniciativas "verdes", e não é só no tempo futuro. O empresário gaúcho Erasmo Carlos Battistella, CEO da BSBios, indústria de biodiesel com sede em Passo Fundo, falou sobre o papel dos biocombustíveis na equação climática mundial em painel realizado ontem na programação da conferência.
- É uma solução real, factível e imediata, que só precisa de incremento das políticas públicas - disse à coluna.
Na argumentação, usou a matemática do benefício trazido apenas com o biodiesel. Desde 2008, ano em que se implementou a adição gradual do percentual a ser adicionado ao diesel, foram 83 bilhões de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidos no território brasileiro. Com uma matriz que inclui outras fontes de energia limpa, como o etanol e o biogás, o país tem a chance de ser um benchmarking.
- Quando se fala em mudança climática, o preço é uma das variáveis. A descarbonização terá um custo. Minha defesa é que o Brasil se aproprie dessa questão como oportunidade. Para gerar mais emprego e mais PIB verde - observa Battistella, que esteve por 10 anos à frente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio).
O empresário diz que sai da COP26 animado, mas "com os dois pés no chão". A manutenção dos percentuais de biodiesel a serem adicionados ao diesel dentro do cronograma é apontada como parte das ações para que o Brasil alcance as medidas anunciadas - além de dar previsibilidade aos investimentos do setor, já que recentemente houve corte do teor de 13% para 10% em leilão do produto.